O futuro da avaliação de ativos

É inegável que vivemos em uma nova era empresarial. A globalização — cultural, econômica e financeira — e a consequente busca por aumento de competitividade ajudaram a desenhar um novo modelo de gestão. Ele transfere a ênfase dada aos bens tangíveis das empresas, fundamentais para o capitalismo desde a Revolução Industrial, para um modelo que também leva em conta ativos intangíveis e as expectativas de benefícios futuros que podem gerar. Ao longo do tempo, muitos economistas e pesquisadores têm reconhecido a importância crescente da tecnologia, da comunicação e da inovação.
Trata-se de recursos que fundamentam os ativos intangíveis, e a discussão de seu papel na economia é antiga e complexa. Mas a geração de riqueza no mundo, a mais-valia global, nunca esteve tão relacionada ao capital intelectual quanto agora. Em um mundo em que a única coisa certa é a crescente incerteza, o relatório “Human Age 2.0”, do Banco Mundial, visualiza as empresas do futuro como meras “plataformas”, que teriam o objetivo de organizar o modo como as pessoas interagem, compram e trabalham.
Nesse contexto, surge a questão: como esse novo ambiente influencia a atividade de avaliação de ativos, responsável por atribuir o valor justo de algo numa transação comercial? É fato que os aspectos intangíveis representam desafios cada vez maiores para os avaliadores, mas a disponibilidade de uma quantidade descomunal de dados e informações tem criado oportunidades para a profissão. Termos como big data, deep learning e inteligência artificial não podem mais ser ignorados pelos avaliadores do século 21. Não só as empresas e profissionais de negócios, mas também os avaliadores dependem, cada dia mais, de uma análise estruturada de dados para a tomada de decisão e a emissão de opiniões sobre o valor justo de um bem — seja tangível ou intangível.
São enormes volumes de dados gerados internamente no dia a dia corporativo e nas diversas fontes de bases de dados, CRM, plataformas de mídias e redes sociais. Nessa nova era, o avaliador profissional perde menos tempo no trabalho mecânico de coleta de informações e, com isso, pode se dedicar mais demoradamente à interpretação e ao exercício do julgamento.
Vistorias de campo, por exemplo, que antes eram as maiores consumidoras de tempo e dinheiro, hoje são feitas com ajuda de drones, satélites e dados secundários armazenados em nuvem. Uma derivação da inteligência artificial que também promete mudanças importantes no campo da avaliação é o deep learning. Essa ferramenta foi desenhada para reconhecer padrões em grandes volumes de dados — cuja identificação seria impossível pelo caminho tradicional (planilhas eletrônicas, bases de dados e interação humana).
Por meio do deep learning seria possível eliminar a subjetividade excessiva, elemento integrante do processo de avaliação. Parte dela pode ser minimizada com estatística inferencial, aplicável para ativos similares, geradores de bases de dados comparativas. Apesar de toda a incerteza quanto ao futuro, podemos afirmar com segurança que o profissional de avaliação nunca foi tão importante. O desenvolvimento de cenários, a mensuração de riscos, a proteção do capital intelectual e o timing apropriado para desenvolvimento, maturação e comercialização de determinado ativo podem significar a diferença entre o retorno e a perda do capital investido.

Capital Aberto

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Comments (4)

  • Elieber

    Posso ter avaliado com laudo meus dados CRM e redes sócias como um ativo intangível passível para compor meu patrimônio ?

    14/12/2017 at 07:18
    • admin

      Olá Elieber, obrigado pelo comentário!

      Intangíveis avaliados, como CRM e redes sócias, somente podem ser contabilizados e compor o patrimônio da companhia em eventos de combinação de negócios, ou seja, quando há aquisições com transferência de controle. Sendo assim, isso não é permitido para companhias em curso.

      Abs, Rodrigo Nigri

      14/12/2017 at 16:26
  • Elieber

    Posso ter avaliado com laudo meus dados CRM e redes sócias como um ativo intangível passível para compor meu patrimônio ?

    14/12/2017 at 07:18
    • admin

      Olá Elieber, obrigado pelo comentário!

      Intangíveis avaliados, como CRM e redes sócias, somente podem ser contabilizados e compor o patrimônio da companhia em eventos de combinação de negócios, ou seja, quando há aquisições com transferência de controle. Sendo assim, isso não é permitido para companhias em curso.

      Abs, Rodrigo Nigri

      14/12/2017 at 16:26

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