3Corações perto de adquirir a Fino Grão

Quatro meses após a americana Sara Lee ter acertado a compra da paranaense Café Damasco, o grupo 3Corações – joint venture formada pela brasileira Santa Clara e pela israelense Strauss-Elite – negocia a aquisição do mineiro Café Fino Grão. O 3Corações nega a compra, mas a empresa mineira admite as conversas.

Fontes do segmento revelam que as negociações estão adiantadas. O acordo só não teria sido anunciado oficialmente ainda porque a sócia israelense da 3Corações, por ter o capital aberto em seu país de origem, precisa informar antecipadamente a comissão de valores mobiliários local.

O Café Fino Grão é a segunda marca mais vendida em Belo Horizonte, atrás exatamente da 3Corações e a décima maior indústria no ranking da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). A empresa está instalada em Contagem, região metropolitana da capital mineira, e teve origem em 2004, a partir da união dos negócios das famílias Veloso e Tavares.

A proximidade entre a empresa e os controladores do Fino Grão não é de hoje. Um dos sócios, Aprígio Tavares, era o antigo dono da 3Corações, que a vendeu para a Strauss-Elite no ano 2000. Mais tarde, em 2005, a israelense se uniu à nordestina Santa Clara.

Depois de ficar fora do mercado de café por três anos, cumprindo contrato firmado com a Strauss-Elite, Tavares se uniu a Paulo Veloso e Pedro Veloso, proprietários do Veloso Café do Cerrado. O grupo atuava como produtor e exportador de café em grãos selecionados.

A quase certa aquisição da 3Corações é mais um capítulo do processo de consolidação que vive a indústria de café brasileira. Diante da concorrência enfrentada por empresas de médio porte como a Fino Grão no varejo nacional com as gigantes globais do café, a expectativa do próprio mercado é que o processo de consolidação não tem um fim no curto prazo.

O resultado desse movimento se vê na concentração do setor. No ano passado, as dez maiores companhias do país responderam, juntas, por 75,2% das vendas no mercado doméstico, Segundo dados Abic. O número de 2010 representou um avanço de 2,3 pontos percentuais ao já concentrado mercado de 2009, quando os dez maiores grupos respondiam por 72,9% da industrialização.

(Alexandre Inacio | Valor)

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