3i injeta R$ 100 milhões na Blue Interactive

Nove meses após instalar-se no país, a 3i Brazil, gestora inglesa de fundos de private equity, fechou seu primeiro investimento.
 
Vai injetar R$ 100 milhões na Blue Interactive, provedora de serviços de TV a cabo e banda larga. A 3i revela apenas que terá uma "participação minoritária significativa na companhia" e três assentos no conselho de administração, composto por sete integrantes. Para a presidência do conselho, o fundo indicou Richard Alden, que presidiu a ONO, uma das operadoras líderes de TV a cabo na Espanha.
 
Marcelo Di Lorenzo, diretor-executivo e sócio da 3i Brazil, diz que o primeiro investimento "não poderia ter sido melhor".
 
"A equipe que administra a Blue é de primeira linha. Essa característica, somada ao potencial de crescimento de internet e TV a cabo no país, em especial com a ascensão da classe C, torna esse setor bastante interessante", diz.
 
A Blue não divulga as receitas. Silvia de Jesus, sócia e principal executiva da companhia, afirma apenas que elas estão acima dos R$ 100 milhões e a previsão é dobrar o faturamento até 2013.
 
"A injeção de recursos é fundamental, pois nosso setor demanda investimento intensivo. Queremos dar um salto relevante e manter o crescimento de dois dígitos dos últimos três anos", diz Silvia.
 
A estratégia da empresa prevê a expansão de sua cobertura nas localidades em que já está e também do número de cidades atendidas. Hoje, a Blue está presente em 15 cidades nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
 
O plano é, em três anos, dobrar o número de cidades atendidas e adquirir novas licenças para se expandir geograficamente. Também deverá partir para operações de fusões e aquisições.
 
O foco são cidades do interior que têm alto potencial de crescimento, por conta do maior consumo da classe C, mas que ainda não foram exploradas adequadamente por outras empresas.
 
A Blue Interactive surgiu em 2008 com o objetivo de se tornar uma plataforma para aquisição de empresas no setor de TV por assinatura e banda larga. Em 2010, fechou sua primeira compra, a Viacabo. O objetivo é ser líder na distribuição de conteúdo e serviços digitais para clientes residenciais e corporativos.
 
O sócio da Blue, Marcelo Lacerda, conta que, embora não tenha feito um processo formal de procura de investidores, houve conversas com outros fundos.
 
"Fechamos com a 3i pelo alinhamento de ideias e visão de negócios", diz Lacerda. Segundo ele, durante a negociação da transação, que durou quatro meses, já foi possível perceber que a parceria mostra uma gestão sintonizada com os novos sócios.
 
A 3i surgiu em 1945 para ajudar na reconstrução da Inglaterra no pós-guerra por meio do financiamento de empresas médias. Com mais de US$ 21 bilhões em ativos, a empresa investe globalmente em 117 companhias.
 
Di Lorenzo diz que o fundo já olhou mais de 200 empresas no país e deve fechar mais dois ou três negócios em um ano. "O apetite pelo Brasil é grande, apesar de, por questões burocráticas, não ser fácil investir por aqui."

(Ana Paula Ragazzi | Valor)

+ posts

Share this post