3M vai pôr US$ 90 milhões para crescer mais no Brasil

Com foco no fortalecimento da área de indústria e transportes, a 3M, como é conhecida a multinacional americana Minnesota Mining and Manufacturing, pretende quase dobrar seus investimentos no Brasil no ano que vem. Do montante de US$ 50 milhões aplicados no país ao longo deste ano – que já representou um crescimento de 6% frente à média investida nos últimos cinco anos – os recursos que a multinacional americana vai direcionar a sua subsidiária brasileira deverão alcançar até US$ 90 milhões em 2011.

Os números revelados pela companhia não incluem aquisições. A ideia é impulsionar o crescimento orgânico da multinacional no Brasil, o que passa pela expansão de suas unidades fabris, pela produção de itens que não eram feitos no país e pelas inovações projetadas para os próximos anos. "Nós temos que olhar para o Brasil como um todo e pensar onde vamos investir. Agora, está no foco da subsidiária dar um maior peso para a área de indústria e transportes", afirmou ao Valoro presidente da 3M no Brasil, Michael Vale.

Em sua primeira entrevista à imprensa brasileira desde que assumiu o cargo de comando da subsidiária, há um ano e meio, o executivo nascido no Texas enfatizou a importância que os negócios no Brasil têm ganhado dentro da corporação e colocou como um dos principais desafios a própria diversificação de seu portfólio.

epMais conhecida por seus produtos de consumo, como as fitas adesivas transparentes, o Durex, os lembretes de escritório, os Post-it e os materiais para limpeza Scotch-Brite , a multinacional ainda tem dificuldades de se fazer ser lembrada no mercado pelo seu amplo portfólio voltado para o setor de saúde, industrial, para a área de telecomunicações, entre outros.

Subsidiária brasileira passou da 10ª posição no ranking de vendas da companhia em 2005, para um atual 6º lugar
Para a indústria automobilística, por exemplo, a empresa tem soluções para colar chapas automotivas, mantas para isolamento acústico, etc. No setor da construção, consta no portfólio da companhia desde soluções de revestimentos internos, até soluções para controle solar. "A nossa diversidade é a nossa força, mas muitas vezes a nossa dificuldade. O difícil é fazer conexões – os clientes nem sempre sabem tudo o que podemos oferecer para eles e, do mesmo modo, nós temos que nos esforçar para conhecermos os clientes o suficiente para saber o que eles precisam do que podemos ofertar", explicou Vale.

No Brasil, a subsidiária tem sete fábricas – cinco em São Paulo, uma no Amazonas e uma no Rio Grande do Sul – e atua com seis diferentes grupos de negócios. A divisão de indústria e transportes hoje representa cerca de 45% do faturamento da companhia no país, enquanto o segmento de consumo e escritório é responsável por apenas 15% de seus resultados. Nos negócios globais, essa proporção é um pouco mais equilibrada, com 30% do faturamento vindo de indústria e transportes e 15% vindo dos bens de consumo.

Com 4 mil funcionários e um faturamento que deverá encerrar este ano no patamar dos R$ 2,3 bilhões – avanço de cerca de 15% ante os R$ 2,03 bilhões registrados em 2009 -, as operações da 3M no Brasil representam apenas 4% dos resultados globais da multinacional. Mas, o executivo lembra que a subsidiária passou da 10ª posição no ranking de vendas da empresa em 2005, para a atual 6ª posição.

Com os investimentos que serão injetados no próximo ano, Vale planeja contratar 250 novos profissionais, que irão se somar aos 450 já contratados ao longo de 2010. Para 2011, o executivo estima uma alta entre 12% a 15% no faturamento da empresa no Brasil, enquanto, globalmente, a multinacional vem crescendo na faixa dos 4% a 6% nos últimos anos. A meta global da companhia é alcançar até os 8% nos próximos cinco anos.

A estratégia de crescimento da companhia vem de cima e passa pela inovação, para ganhar participação no mercado. No início do ano, o presidente executivo mundial da 3M, George Buckley, destacou seu foco nas inovações "na base da pirâmide", com melhorias pequenas e de baixo custo nos produtos mais baratos. "Antes inovávamos muito nos produtos premium, agora descemos na pirâmide", avaliou Michael Vale, sem dar detalhes das inovações que pretende trazer para o Brasil na área de indústria e transportes.

A subsidiária quer introduzir no mercado brasileiro também novas capacidades às áreas produtivas brasileiras. Há planos, por exemplo, de começar a fabricar por aqui soluções para a área de óleo e gás, aproveitando o potencial do setor no país. "Não queremos somente a maior penetração dos produtos já existentes. Agora, nosso foco é a penetração dos novos", acrescentou o executivo. Para isso, a empresa deve dobrar a equipe de inovação em até cinco anos – hoje com 130 pessoas – e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento devem sair dos atuais 3% das vendas no Brasil, para alcançar o patamar próximo aos 6% investidos globalmente, no mesmo período.

(Vanessa Dezem | Valor)

 

 

 

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