Abilio dobra posição no Carrefour e próximo passo pode ser conselho

A Península Participações, empresa de investimentos de Abilio Diniz, informou ontem que atingiu 5,07% do capital do Carrefour no mundo – o dobro da posição registrada em dezembro, de 2,4%. Ações foram compradas de forma pulverizada na bolsa de Paris nos últimos dias. Abilio aumenta a aposta na segunda maior rede de varejo do mundo. Seu próximo passo pode ser o conselho de administração do grupo, na França, por meio da indicação de seu nome por membros do colegiado, segundo fonte ouvida.

Abilio investiu, até hoje, € 1,12 bilhão (equivalente a R$ 3,9 bilhões) na compra de ações do Carrefour lá fora desde meados de 2014, calculou o Valor. Nos últimos dias, foram € 620 milhões e no ano passado, € 490 milhões. No Brasil, foram mais R$ 1,8 bilhão desembolsados em dezembro na compra de 10% da subsidiária brasileira – num total, portanto, de R$ 5,7 bilhões em investimentos no Carrefour por meio da Península. Pelo acordo com o grupo, Abilio pode ter até 16% da filial brasileira no prazo de cinco anos.

Boa parte das operações de compra de papéis foi concluída ontem. O empresário se torna o quarto maior acionista do Carrefour no mundo, com 5% do capital e 4,49% dos direitos de voto. Só fica atrás de Bernard Arnault (8%), da dona da Galeria Lafayette, a família Moulin (9,5%) e do fundo Colony Capital (5,6%).

Desde o ano passado, circulam informações sobre negociações entre Abilio e sócios do Carrefour para que o empresário ocupe posição acionária mais relevante. Nos últimos meses, segundo fonte, ele estaria preparando sua entrada no conselho do Carrefour, formado por 14 membros, incluindo o presidente, Georges Plassat.

Abilio pode ter seu nome apresentado por um comitê do Carrefour que avalia e faz as indicações. Qualquer membro do conselho pode levar o nome de Abilio a este comitê. O conselho de administração analisa a proposta do comitê e vota, e o indicado pode ser eleito por maioria. Ontem, em Paris, Arnaud Monnin, porta-voz na França da Península, disse à agência de notícias AFP que Abilio não deve pedir assento no conselho do Carrefour. Na prática, nem pode. Isso deve partir do colegiado.

Há cerca de um mês, Abilio teria se encontrado, em São Paulo, com Philippe Houzé, presidente do conselho de administração da Galeria Lafayette, e com Nicolas Bazire, diretor do grupo Arnault. Ambos estão no conselho do Carrefour (Houzé, como observador). Reuniões entre os sócios ocorreram em São Paulo e em Paris nos últimos meses. Desde o fim de 2014, circulam informações de que Abilio poderia adquirir parte das ações de Bernard Arnault, que estaria reestruturando o portfólio de investimentos da família.

Uma eventual negociação de papéis de qualquer sócio do grupo com Abilio teria que ocorrer por meio de operações de compra e venda na bolsa de Paris – não podem vender diretamente para qualquer investidor.

Em nota, a Península nega que Abilio vá ampliar sua posição para além de 5%. Ele já teria alcançado volume de investimentos no varejo em nível considerado satisfatório, diz fonte. “A Península não tem a intenção de aumentar ainda mais sua participação e espera, assim, contribuir para o desenvolvimento do Carrefour”. A Península também nega a existência de “qualquer negociação ou intenção de compra de ações do Carrefour em poder do Grupo Arnault”.

(Adriana Mattos | Valor)

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