Accenture reforça sua atuação no Brasil

Uma das maiores consultorias de negócio do mundo, a Accenture tem interesse especial em duas atividades econômicas no Brasil: energia e agronegócio. A companhia americana decidiu fazer do país seu centro de referência global nesses campos. Para levar o plano adiante, está instalando centros especializados no desenvolvimento de processos de negócio e sistemas de tecnologia da informação (TI) dedicados a clientes de ambos os setores.

A instalação dos centros não é o único investimento que a Accenture está fazendo para ampliar sua participação no país. O plano prevê a abertura de dois novos escritórios nas regiões Sul e Nordeste, dando maior cobertura geográfica à empresa, que passa a contar com seis escritórios regionais no país, além de uma fábrica de software e um centro de serviços compartilhados.

A unidade de energia já está em funcionamento no Rio de Janeiro, com aproximadamente 400 funcionários. Já o centro de agronegócio começará a funcionar em até dois meses e provavelmente será instalado em São Paulo. O valor dos investimentos não é revelado.

"O Brasil tem boas cartas na manga, que se forem jogadas da forma correta farão com que o crescimento do país seja de longo prazo", diz Jo Deblaere (pronuncia-se "iô deblér") executivo responsável pelas operações da Accenture em todo o mundo. Entre os fatores que Deblaere cita como vantagens do país está a estabilidade política, econômica e social.

O Brasil faz parte de uma lista de seis países que têm recebido atenção especial da companhia nos últimos anos, diz Deblaere, com exclusividade ao Valor. Na relação de mercados prioritários, batizada de Bric +2 , estão também Rússia, Índia, China, Coreia e México. "Estamos investindo para aprimorar os ciclos de negócios e acelerar a expansão nesses mercados", afirma o executivo, em sua primeira visita ao país desde que assumiu o cargo, há praticamente um ano.

De acordo com Deblaere, a expansão internacional tem sido um dos principais motores da Accenture desde o inicio da crise econômica. "Somos uma empresa com presença global, mas o processo se intensificou bastante nos últimos 18 meses", diz. Além do Bric + 2, a expansão tem sido intensa no restante da Ásia, afirma Deblaere.

No Brasil, a Accenture espera que o reforço da operação tenha um duplo benefício. A ideia tanto é aproveitar as oportunidades crescentes nas áreas de consultoria e terceirização dentro do país, como ajudar as companhias brasileiras que estão apostando na internacionalização de suas atividades.

"Essas empresas precisam de muitos serviços e produtos que oferecemos por conta da nossa presença em 52 países", diz Roger Ingold, presidente da Accenture no Brasil. Segundo o executivo, existem cerca de 80 empresas que estão em meio a um processo de internacionalização atualmente. E a tendência é de que o número cresça em ritmo acelerado nos próximos anos.

A operação da Accenture no Brasil conta hoje com 7,5 mil profissionais. Segundo Ingold, são 350 novas contratações por mês e 800 vagas em aberto nos quadros da companhia. Com a expansão para as regiões Sul e Nordeste, o executivo espera aproveitar os talentos locais para amenizar o gargalo de mão-de-obra. "Contratamos profissionais como engenheiros e administradores que são cobiçados por outros segmentos da economia, que também estão crescendo em ritmo acelerado", diz Ingold.

A receita da Accenture no Brasil vem crescendo acima de 30% nos últimos dois anos, de acordo com Ingold. Segundo especialistas ouvidos pelo Valor, o faturamento da consultoria passa de R$ 1 bilhão no país. Para Deblaere, a importância do Brasil para os planos da companhia pode ser medida pelas duas aquisições locais feitas pela companhia entre 2008 e 2010 – a Atan e a RiskControl. "Queremos que o Brasil tenha um crescimento acelerado dentro da Accenture", diz Deblaere. De acordo com o executivo, não estão descartadas novas aquisições no país.

Globalmente, a Accenture obteve faturamento de US$ 21,6 bilhões no ano fiscal encerrado em agosto de 2009. A estimativa é de crescimento entre 7% e 10% para os próximos anos, diz Deblaere. O executivo diz acreditar que medidas como a expansão geográfica e o lançamento de produtos e serviços em áreas emergentes como mobilidade e interatividade permitirão que a Accenture atinja seus objetivos.

(Gustavo Brigatto | Valor)
 

 

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