Acer anuncia aporte de US$ 30 milhões no Brasil

Um das principais marcas do mercado mundial de computadores, a fabricante taiwanesa Acer anunciou, ontem, um aporte de US$ 30 milhões no Brasil este ano.

Em visita ao país, executivos da empresa ressaltaram a necessidade de fortalecer a operação local, especialmente em um cenário no qual consultorias como o IDC projetam que o Brasil será o terceiro maior mercado de computadores do mundo nos próximos dois anos.

"Para este ano, a estimativa é alcançar uma receita de US$ 500 milhões e crescer em 40% o volume de unidades no mercado local", disse Emmanuel Fromont, em sua primeira viagem internacional como presidente da companhia para as Américas. Desde o início do ano, Fromont acumula a função com o cargo de vice-presidente corporativo da Acer. Em 2010, a empresa obteve um faturamento de US$ 380 milhões no Brasil. A receita global foi de US$ 19,9 bilhões.

O aporte marca mais um capítulo da complexa relação da fabricante com o país. Depois de iniciar suas operações no Brasil com fabricação própria em 1997, a Acer decidiu desativar sua estrutura local em 2001. Entre outras questões, a empresa citava na época a demora do país em regulamentar a Lei da Informática.

A fabricação de notebooks e netbooks da Acer no país só foi reativada no fim de 2009, por meio de um acordo de terceirização da produção com a Compal, em Jundiaí (SP), conforme apurou na época o Valor.

Nesse intervalo de tempo, a Acer chegou a liderar o segmento de notebooks no Brasil sem produzir um único equipamento no país. Esse cenário alimentou críticas no mercado, segundo as quais a Acer estaria se beneficiando do chamado mercado cinza, ou seja, a entrada ilegal de máquinas no país.

Sobre o assunto, Mark Hill, vice-presidente da Acer nos Estados Unidos e atual gerente-geral da companhia no Brasil, disse que a demanda pelos produtos da marca era atendida pela importação de varejistas, e não pela Acer. "A maneira que encontramos para lidar com essa situação foi investir fortemente há dois anos na construção de uma operação efetiva no país", afirmou.

Como lição no período, Hill disse que a Acer entendeu não ser possível gerenciar os negócios em um mercado como o brasileiro sem estar diretamente no país. "E mais importante, é preciso ter um time de executivos brasileiros na operação", ressaltou o executivo, que divide seu tempo entre o Brasil e os Estados Unidos.

Com o novo investimento, a Acer está consolidando uma estrutura local que reúne 50 profissionais em áreas como marketing, vendas e pós-vendas, o que inclui serviços de suporte e assistência técnica. A falta de uma estrutura de atendimento local era uma queixa antiga dos consumidores brasileiros.

Fromont acrescentou que as estratégias incluem a busca por novas parcerias com varejistas e investimentos significativos em mídia para fortalecer a marca em todo o país. "Esse é um ponto crítico para nós", afirmou o executivo.

Do ponto de vista de produtos, Hill disse que está programado para o terceiro trimestre o lançamento no país de dois modelos de tablets da marca, baseados no sistema operacional Android 3.0, do Google.

Em um primeiro momento, os equipamentos serão importados, mas o executivo afirmou que a Acer está avaliando a produção local, o que poderia ocorrer no ano que vem. "Com o anúncio da desoneração da produção local de tablets [feita anteontem pelo governo federal], pode ficar difícil manter a competitividade se não fabricarmos aqui", disse Hill.

Fromont ressaltou uma mudança na estratégia global da companhia, marcada por uma substituição de comando. Em abril, Jim Wong assumiu o cargo de executivo-chefe, substituindo Gianfranco Lanci, cujo período na liderança foi marcado por dificuldades e uma redução na previsão de lucro. "Escala sempre foi importante, mas teremos mais foco em marca, tecnologia e inovação, e não apenas em preço", disse.

(Moacir Drska | Valor)

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