Alliance Boots planeja entrar na América Latina

 A Alliance Boots, maior rede de farmácias da Europa, anunciou ontem que busca parcerias e aquisições para expandir sua presença mundial, depois de seu lucro comercial – que exclui amortização e custos ou ganhos excepcionais – ter superado a marca de 1 bilhão de libras esterlinas (US$ 1,4 bilhão).

O presidente do conselho da empresa, Stefano Pessina, que fechou o capital do grupo há três anos com a Kohlberg Kravis Roberts (KKR), em um acordo de 12,4 bilhões de libras, disse estar particularmente interessado em entrar na América Latina.

A Alliance Boots, que já possui presença na China e Rússia, esteve perto de acertar um acordo no Brasil, afirmou, mas a transação acabou naufragando depois do processo de investigação das contas ter revelado problemas na empresa-alvo. Ainda assim, o país, ao lado do México, continua sendo uma meta, segundo Pessina.

"Estamos pensando sobre muitas oportunidades diferentes, estamos explorando muitas parcerias potenciais e, devo dizer, algumas aquisições", disse Pessina, acrescentando que há mais probabilidade que as compras sejam no mercado atacadista farmacêutico do que no varejo.

A Alliance Boots investiu 1 bilhão de libras (US$ 1,4 bilhão) desde o fechamento do capital, principalmente na remodelação de suas lojas. Esse investimento está quase concluído e Pessina espera que o grupo tenha um fluxo de caixa "próspero" para financiar sua expansão.

Pessina também procura desenvolver marcas próprias e recentemente acertou acordo com a americana Procter & Gamble, maior fabricante mundial de bens de consumo, para comercializar e distribuir a linha Alliance Boots de produtos para cuidados com a pele em farmácias na Itália.

As declarações foram feitas após a Alliance Boots anunciar aumento no lucro comercial para 1,07 bilhão de libras no ano fiscal encerrado em 31 de março. No exercício anterior, a rede havia lucrado 953 milhões de libras. As vendas subiram 9,6%, para 22,5 bilhões de libras (US$ 32, 5 bilhões).

O endividamento líquido diminuiu em 645 milhões de libras, para 8,39 bilhões de libras, uma vez que a empresa aproveitou a situação do mercado para recomprar dívidas com fortes descontos de vendedores com problemas financeiros.

A Alliance Boots, no entanto, mostra-se cautelosa quanto ao panorama econômico, preocupada com as ações dos governos europeus para cortar dívidas e com a redução do consumo de produtos farmacêuticos.

"De fato, acreditamos que a demanda ficará bastante desanimada", afirmou Andy Hornby, ex-executivo-chefe da HBOS, que foi recrutado como executivo-chefe da Alliance Boots no ano passado. "A dura realidade é que os governos, não apenas no Reino Unido, mas em nossos principais países na Europa, vão ter de tomar algumas decisões extremamente duras nos próximos dois anos."

Hornby recusou-se a comentar se os resultados da Alliance Boots haviam ajudado a recuperar sua reputação, depois do HBOS ter ficado à beira da quebra em 2008. "Espero ser julgado com o tempo", afirmou. (Tradução de Sabino Ahumada)

(Andrea Felsted, Financial Times, de Londres, para o Valor)
 

 

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