American Airlines atrai interesse por presença no Brasil

A forte presença da American Airlines na América Latina, especialmente no Brasil, é o principal atrativo para potenciais candidatos promoverem uma fusão com a terceira maior companhia aérea americana, em concordata desde o fim de 2011. O "Wall Street Journal" publicou recentemente que a Delta Airlines, a US Airways e o fundo de investimentos TPG seriam potenciais candidatos e já estariam em negociações com a American.

O sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal para a América Latina, Luis de Lucio, lembra que o interesse da US Airways pela American não é novo. Segundo ele, é a US Airways quem ganharia mais com as conexões da companhia na América Latina. "A US Airways tem interesse pela American desde antes da concordata. A malha da American na América Latina agrega muito valor, é a joia da coroa da companhia", afirma Lucio.

A American Airlines começou a operar na América Latina em 1941, quando iniciou voos para o México. Em 1987, ampliou sua presença na região com frequências para Caracas (Venezuela). Dois anos depois, sua atuação latino-americana deu um salto, ao desembolsar US$ 430 milhões pelas rotas da Eastern Airlines, extinta em 1991. Atualmente, a American voa para 45 destinos em 17 países, com 455 voos por semana.

No Brasil, a American é a companhia aérea estrangeira com o maior número de voos para os Estados Unidos, com 70 frequências por semana. Durante a alta temporada, a empresa ampliou sua operação para 88 voos semanais.

"A US Airways é muito forte no mercado corporativo, já a American não. As operações das duas são complementares", diz Lucio. A American e a US Airways informaram que não comentam o assunto. Desde meados de 2005 a US Airways têm se empenhado em um processo de consolidação no setor aéreo, nos Estados Unidos.

Naquela época, a US Airways chegou a fazer uma oferta de US$ 10 bilhões pela Delta, que havia entrado em concordata, mas esse plano não teve sucesso. Dois anos depois, a United e a US Airways iniciaram conversas para uma fusão, mas em 2010 a United se associou com a Continental, criando o maior grupo aéreo do mundo.

O sócio-diretor da Alvarez & Marsal também lembra que o fundo TPG, que administra quase US$ 50 bilhões, é sempre um potencial investidor no setor aéreo, inclusive no Brasil. Em janeiro de 2010, o TPG comprou participação de cerca de 10% na Azul Linhas Aéreas por US$ 20 milhões. Ryanair e Continental Airlines são outros investimentos do fundo no setor. O TPG não comentou o assunto.

O TPG e a American, no início de 2010, chegaram a anunciar um plano para investir US$ 1 bilhão na Japan Airlines (JAL), que entrou em concordata naquela época. "A malha de voos da American oferece muita sinergia para qualquer grande companhia aérea americana, seja pela complementaridade ou pela sobreposição", diz o especialista em aviação da consultoria Bain & Company, André Castellini.

Já para o presidente da Junta dos Representantes das Companhias Aéreas Internacionais no Brasil (Jurcaib), Robson Bertolossi, a Delta ganharia mais com a malha aérea latino-americana da American. "Todas as empresas aéreas buscam, sinergias no mercado latino-americano, que é uma região que cresce mais do que as outras. Nesse sentido, a American seria mais importante para a Delta", afirma Bertolossi.

A Delta, que no início de dezembro desembolsou US$ 100 milhões por 2,9% das ações da Gol Linhas Aéreas, informou que não comentaria o assunto.

Lucio, da Alvarez, diz que a situação financeira das duas empresas aéreas americanas não é fundamental, já que o objetivo seria uma troca de ações, uma fusão sem desembolso de dinheiro. Em seus últimos resultados financeiros, relativos ao terceiro trimestre, a Delta mostrou lucro líquido de US$ 549 milhões, crescimento de 51% na comparação anual. A US Airways, por sua vez, apresentou recuo de 68,3% no lucro do terceiro trimestre, que ficou em US$ 76 milhões.

(Alberto Komatsu | Valor)

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