Americana MSD une-se à Cristália e Eurofarma para avançar no país

A multinacional americana MSD (Merck & Co) formou uma joint venture com a Supera, empresa criada no ano passado pelos laboratórios nacionais Eurofarma e Cristália. A nova companhia, a Supera RX, nasce com um portfólio com cerca de 30 medicamentos e deverá incorporar, no médio prazo, remédios inovadores das três farmacêuticas.
 
A MSD terá participação de 51% nessa nova empresa. Cristália e Eurofarma ficam com 24,5% cada. A Supera RX – as duas letras significam medicamentos de prescrição médica – vai absorver uma boa parte do "pipeline" (produtos em desenvolvimento) de suas empresas controladoras, que vão manter seus negócios independentes da recém-criada companhia.

Com forte presença nos segmentos de genéricos e prescrição médica, a Eurofarma, cujo faturamento ficou em R$ 1,5 bilhão em 2011, tem importantes medicamentos que podem ser agregados ao portfólio da MSD nessa nova companhia. A americana, com faturamento global de US$ 48 bilhões no ano passado, deverá incorporar à joint venture produtos de inovação que estão em desenvolvimento. De menor porte se comparada aos seus parceiros, com receita em torno de R$ 600 milhões, a Cristália é considerada um dos principais laboratórios nacionais do país que investe em inovação e produtos biológicos.

"Temos de aprender muito. Deixar de ter visão local para um olhar regional e global", afirmou Maurízio Billi, presidente da Eurofarma e principal acionista da farmacêutica nacional. Para José Bastos, presidente da MSD no Brasil, a parceria com Eurofarma e Cristália permitirá elevar a participação da multinacional no mercado brasileiro.

A expectativa é de que o faturamento da Supera RX atinja US$ 100 milhões em seu primeiro ano de operação e alcance US$ 500 milhões até 2017 e cerca de 70 medicamentos em seu portfólio. "Pretendemos ficar entre as dez maiores do mercado farmacêutico nacional", afirmou Bastos, em sua primeira entrevista ao Valor desde que assumiu há um ano o comando da subsidiária brasileira.

Os ativos dessa companhia incluem os medicamentos já estabelecidos das três companhias e uma fábrica que abriga a atual sede da Supera, na capital paulista, que pertence à Eurofarma. Em agosto de 2011, Eurofarma e Cristália firmaram joint venture para criar a Supera para compartilhar portfólio. A Eurofarma tem forte tradição em distribuição de produtos. A incorporação da MSD à nova empresa reforça e dá um impulso maior ao negócio, afirmou uma fonte. Segundo Ogari Pacheco, presidente da Cristália, essa parceria reúne a capacidade criativa da companhia à eficiência comercial da Eurofarma e poder de inovação da MSD.
 
Ontem, os executivos das três companhias comunicaram a joint venture ao Ministério da Saúde. "Essa é uma das iniciativas que refletem a correção estratégica dos laboratórios nacionais em inovação e saúde", disse Carlos Gadelha, secretário de ciência e tecnologia e insumos estratégicos do ministério. Segundo Gadelha, a postura das multinacionais em relação ao setor farmacêutico nacional mudou. "Antes, a estratégia era predatória. Hoje, vemos alianças que fortalecem as indústrias nacionais."
 
Essas empresas têm importantes medicamentos considerados prioritários para o governo, sobretudo para tratamento de diabetes e hipertensão. A MSD tem em seu portfólio produtos que deverão perder a patente, como o Januvia/Janumet (combate a diabete). "Quando olhamos os mercados emergentes, vemos que o Brasil se destaca porque tem interesse em inovação", afirmou Kevin Ali, presidente para os mercados emergentes da MSD. Em 2010, a múlti, resultado da união entre Merck Sharp & Dohme, Schering-Plough e Organon, passou por reestruturação global, que incluiu fechamentos de fábricas e corte de postos de trabalho.

(Mônica Scaramuzzo | Valor)

 

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