Americana Valeant compra Probiótica por R$ 150 milhões

A farmacêutica americana Valeant concluiu na quinta-feira sua terceira aquisição no Brasil. A multinacional comprou o laboratório nacional Probiótica, especializado em nutrição esportiva, marcando sua entrada global nesse segmento. O valor do negócio foi da ordem de R$ 150 milhões.
 
Com essa compra, a Valeant, que tem forte atuação nas áreas neurológica, dermatológica, antibióticos e de anti-inflamatórios, aumenta sua participação no mercado brasileiro e estreia, já como líder, no segmento de nutrição esportiva, afirmou ao Valor Carlos Picosse, presidente do grupo no Brasil. "Esse segmento movimenta cerca de R$ 300 milhões por ano no país, o que é muito pouco, se considerado o potencial do mercado brasileiro", disse o executivo. A Probiótica, com fábrica no Embu (Grande São Paulo), fatura cerca de R$ 80 milhões. No ano passado, a receita da Valeant no Brasil foi da ordem de R$ 180 milhões.
 
Segundo Picosse, esse setor tem potencial para dobrar em três anos. "O Brasil é o segundo maior país em número de academias do mundo, atrás dos Estados Unidos", afirmou. A recém-adquirida fábrica da Valeant deverá receber investimentos de cerca de R$ 10 milhões este ano para elevar sua produção. "A Valeant tem uma pequena linha de produtos de nutrição esportiva na Austrália, como shakes, mas a primeira fábrica dentro desse segmento é a da Probiótica. Vamos exportar produtos de nossa unidade do Brasil para países onde a empresa atua", disse.
 
Decidida a aumentar sua presença no Brasil, a americana Valeant comprou há quase dois anos dois laboratórios em um intervalo de menos de 30 dias. O primeiro foi o Delta, instalado em Indaiatuba (SP), em abril de 2010. Essa aquisição serviu como base para a companhia começar a desenvolver no Brasil medicamentos genéricos. Quase um mês depois, o grupo anunciou a compra da farmacêutica Bunker, com sede na capital paulista, por cerca de R$ 100 milhões.

Os negócios da Valeant no Brasil representam cerca de 3% do faturamento global do grupo. "Nossa meta é atingir 7% em três anos", afirmou Picosse. A expansão se dará por aquisições e compra de medicamentos.

O movimento de consolidação da Valeant é global, com ênfase em países com potencial de expansão, como o Brasil, e também com possibilidade de diversificação de negócios, como foi o caso da Probiótica. No mundo, a Valeant fatura cerca de US$ 3 bilhões. Fundada em 1960, originalmente como ICN (International Chemical Nuclear), a empresa chegou ao país na década de 70, com a aquisição de um laboratório. Em 2005, resolveu se repaginar e passou a se chamar Valeant. Nos últimos três anos, o grupo realizou importantes aquisições em países da Europa e do Hemisfério Norte.
 
No fim dos anos 90, a empresa adquiriu o medicamento Melleril (antipsicótico), que pertencia à suíça Novartis, e outros três da Roche: Dalmadorm (indutor de sono), Limitrol (antidepressivo) e Mestinon (disfunção muscular). Esses remédios já perderam a patente, mas têm grande aceitação pela comunidade médica global. Além dos medicamentos maduros, o grupo americano também tem parceria, desde 2008, com a inglesa GlaxoSmithKline (GSK) para a distribuição do retigabine (tratamento de dor neuropática), que está sendo desenvolvido pela Valeant.

A companhia também recém-adquiriu um medicamento maduro da suíça Novartis, o anti-alérgico Zaditen. "Temos um plano agressivo de expansão, que além de aquisições, inclui participação em empresas de biotecnologia", afirmou.

(Mônica Scaramuzzo | Valor)
 

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