Amil fecha parceria comercial com Qualicorp

Uma das principais fontes de expansão do mercado de saúde privada, o segmento de planos por adesão, ligados a associações e entidades de classe, levou a Amil e a Qualicorp a acertarem os ponteiros.
 
Ontem, as companhias anunciaram uma parceria comercial, em que a operadora Amil vai utilizar o canal de vendas da corretora e gestora Qualicorp para distribuir planos por adesão.
 
Na prática, significa uma ofensiva da Amil em um setor em que a empresa ainda atuava timidamente. Para a Qualicorp, foi a inclusão na sua carteira de parceiros – que já conta com a SulAmérica, Bradesco, Unimed, Omint, Golden Cross e Intermédica – da maior operadora de planos de saúde do país.
 
Em teleconferência com analistas, o presidente da Amil, Edson Bueno, disse que o acordo "demorou" para sair, mas está confiante de que ele garantirá uma boa participação de mercado no segmento de adesão para a operadora. O preço dos produtos, segundo Bueno, será intermediário entre o valor dos planos individuais (mais caros) e os corporativos.
 
O mercado não teve acesso aos termos do acordo entre as companhias. Em 2011, segundo dados públicos, a Amil pagou cerca de 5,2% do total dos prêmios em comissões para corretores. Durante a negociação, o grande potencial do canal de distribuição da Qualicorp pode ter pressionado para cima o valor das comissões a serem pagas. Mas, para Guilherme Assis, da Raymond James, o poder de barganha da Qualicorp com a Amil é menor do que, por exemplo, com o Bradesco ou com a SulAmérica. "A Amil já tem um forte controle de custos, moeda da Qualicorp."

A parceria com a Amil afastou o fantasma do risco regulatório da Qualicorp. A partir de 2009, a Agência Nacional de Saúde (ANS) passou a exigir uma administração profissional (como a da Qualicorp) para os planos por adesão. "O acordo com a Amil sinaliza que a legislação veio pra ficar", pontuou Assis.
 
No mês passado, uma das maiores corretoras de seguros do mundo, a Aon, fez sua estreia na comercialização de planos por adesão. Anunciou uma parceria com a Hapvida, operadora focada na classe média. A Aon informou, na ocasião, que iria oferecer comissões de até 40% acima do que é praticado no mercado para os corretores, e de até o dobro, para as plataformas de venda.
 
O destaque do balanço da Amil, divulgado ontem, foi, segundo alguns analistas, o alto poder da empresa de ditar preços para seus produtos. Em boa medida, essa capacidade respondeu pelo aumento de 18,6%, para R$ 9,27 bilhões, da receita operacional ajustada (além das contraprestações líquidas, inclui a prestação de serviços a terceiros) em 2011; e de 22,5%, para R$ 2,5 bilhões, entre outubro e dezembro, um recorde trimestral.
 
Houve um avanço de cerca de 15% no tíquete médio da operadora ao longo de 2011, quando a Amil conseguiu reduzir em 1,1 ponto, para 71,3%, a taxa de sinistralidade. Após desaceleração no crescimento do número de beneficiários no terceiro trimestre, a Amil voltou a apresentar aumento (de 2,1%) no número de vidas cobertas nos três últimos meses de 2011, atingindo 5,8 milhões no fim de dezembro.

(Marina Falcão | Valor)
 

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