Anglo Gold planeja investir US$ 1 bilhão até 2015 no Brasil

O baixo custo da extração no Brasil e as altas cotações do ouro nos últimos anos estão canalizando para o país os investimentos da Anglo Gold Ashanti, mineradora sul-africana que produziu 4,6 milhões de onças em 2009 (cerca de 1,5 mil toneladas), com faturamento de US$ 3,9 bilhões. Segundo o principal executivo mundial da empresa, o australiano Mark Cutifani, a Anglo Gold começou este ano investimento plurianual de US$ 1 bilhão até 2015, sendo US$ 220 milhões este ano. A participação do Brasil no bolo dos investimentos da Anglo Gold poderá atingir 20% do total mundial, embora o país represente hoje cerca de 8% da produção global da empresa.

"O Brasil representa o menor custo e a maior eficiência", disse Cutifani. No relatório das atividades da empresa no ano passado, a Anglo Gold avaliou o custo da produção no Brasil em US$ 352 a onça, ante US$ 356 na Argentina, U$ 385 nos Estados Unidos, US$ 662 na Austrália, US$ 592 em Gana e US$ 472 na África do Sul e Namíbia. Cerca de um terço da produção da Anglo Gold está na África do Sul. O Brasil é o segundo maior produtor e a Austrália o terceiro, no mesmo patamar.

A produção no Brasil tem se mantido no patamar de 400 mil onças desde 2008, mas Cutifani afirmou que a extração saltará para pelo menos 700 mil onças em 2015, fruto dos investimentos atuais, o que já deverá colocar o Brasil acima dos dois dígitos na participação da produção global da Anglo Gold. O executivo avalia a falta de crescimento dos últimos anos à diminuição do teor do ouro das atuais extrações, "um ciclo normal dentro da mineração".

As novas extrações, que se manterão na região do Quadrilátero Ferrífero (MG) devem fazer com que o teor se eleve. "Dependendo do resultado das prospecções, a produção poderá chegar a 1 milhão de onças, e não 700 mil, dentro de cinco anos."

Embora o Brasil concentre atenções da mineradora, o principal investimento individual da Anglo Gold está na Colômbia, na região de La Colosa, país onde até hoje a Anglo Gold não atuava. A mineradora começará em 2011 a extração em uma área com reservas provadas de 15 milhões de onças, segundo Cutifani, fruto de um investimento de US$ 100 milhões.

A Anglo Gold se alterna com as canadenses Yamana e Kinross na posição de líder da extração de ouro no Brasil. Ambas declararam investimentos neste ano superiores ao da sul-africana no país. A Yamana anunciou inversões de US$ 256 milhões e a Kinross, que é sócia da Anglo Gold em um mina em Crixás (GO), de US$ 235 milhões.

Na semana passada, a empresa divulgou na Bolsa de Johannesburgo seus resultados no segundo trimestre, que indicam a previsão de estabilidade para a produção global de ouro este ano, que deve oscilar entre 4,5 milhões a 4,7 milhões de onças.

(César Felício | Valor)

 

 

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