Após 30 anos, Rio retoma construção de imóveis mistos

O Edifício Galeria Menescal, entre a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, no Rio de Janeiro, é um marco de um modelo de construção corriqueiro entre os anos 40 e 80. Naquela época, as construtoras uniam num único ambiente salas comerciais, escritórios e apartamentos residenciais num único prédio. O objetivo era facilitar a vida dos moradores e garantir tráfego os ambientes comerciais, além de aumentar o ganho no investimento imobiliário. No entanto, o grande volume de pessoas circulando numa área residencial e principalmente a insegurança fizeram com que este tipo de empreendimento não fosse mais tão valorizado pelo comprador.

Quase 30 anos depois, as construtoras do Rio voltam a investir em empreendimentos que misturam áreas comerciais com residenciais. Vice-presidente da RJZ Cyrela, Rogério Zylbersztajn explica que o modelo agora é outro e exige um espaço muito maior. "São áreas delimitadas dentro de um projeto grande que oferece moradia, serviços e até hotéis". Para Zylbersztajn, a população rejeitou este tipo de empreendimento quando não havia o caos urbano. "Hoje o trânsito faz com que você perca horas para se locomover. As distâncias são muito maiores e ter a possibilidade de oferecer os serviços próximos reduz custos."
 
Os novos projetos não misturam num único ambiente áreas residenciais com as comerciais, mas contemplam tudo em uma região com paisagismo organizado com prédios residenciais, outros comerciais, além de pequenos shopping centers.

Pesquisa realizada pela construtora, que investe em vários bairros neste modelo em parceria com a Carvalho Hosken na Barra, mostra que o negócio está atraindo grande número de investidores de outros Estados. Segundo dados da construtora, entre 2009 e 2010, o número de vendas para pessoas de fora do Rio cresceu 247%. A maioria é formada por mineiros, paulistas e moradores de Brasília. "Mas fazemos muitas vendas para goianos, gaúchos, paranaenses, e até paraenses e amazoninos. Todos moram fora do Rio, não são estrangeiros que estão vivendo aqui", afirma Zylbersztajn.

O negócio é tão positivo que até um empreendimento lançado às vésperas do Natal, no dia 20 de dezembro, foi praticamente todo vendido. A Dominus Engenharia construiu o Link Office Mall Stay, na Avenida Ayrton Senna na Barra, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 366 milhões, no qual incluía condomínio residencial com serviços de 87 apartamentos, um mall com 155 lojas e quatro prédios comerciais num total de 402 salas. "Nosso objetivo era atingir o investidor. Além dos cariocas, muita gente que estava passando férias no Rio aproveitou para comprar. Havia muitos mineiros e também capixabas", conta Marcelo Oliveira, diretor da Dominus. Segundo ele, a mistura das unidades agora é uma tendência, desde que tenha um projeto paisagístico e segurança independente para cada área.

Como esses modelos exigem grande áreas, estão concentrados onde há mais terrenos, como na Barra da Tijuca, no Recreio e em Jacarepaguá. Mas há também projetos mais populares na Zona Norte em cidades como Itaboraí, onde está o Complexo Petrolífero do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) e em Itaguaí, onde está a Companhia Siderúrgica do Atlântico.

A PDG está construindo em Del Castilho, na Zona Norte da cidade o Rio Parque, com VGV de R$ 400 milhões. Será o primeiro condomínio da região com residencial, salas comerciais e pequeno mall de 29 lojas, numa área de 43 mil metro quadrados. A construtora também lançou, no ano passado, empreendimento no Centro de Itaboraí com valor geral de vendas (VGV) de R$ 300 milhões.

Já a João Fortes investiu no outro lado da região metropolitana. Em Itaguaí, lançou, em 2011, o Fusion Work & Live. Serão seis prédios no centro, com um comercial, um apart-hotel, um residencial com serviços e outros três residenciais, com VGV de R$ 170 milhões.

(Paola de Moura | Valor)
 

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