Após um ano de negociações, Eike vende 5,63% do EBX por US$ 2 bi

Começou há um ano a aproximação de Eike Batista com o xeique Mohamed bin Zayed Al Nahyan, responsável pela área de novos negócios da Mubadala, empresa de desenvolvimento e investimento estratégico de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Após dez meses de conversas e análises das empresas do grupo EBX, foi fechada na madrugada de domingo por US$ 2 bilhões a compra de 5,63% na Centennial Asset Brazil Equity Fund e noutras holdings do EBX.
 
"Estive com ele em Abu Dhabi na mesma época em que visitamos vários fundos soberanos. Fizemos apresentações no mundo inteiro. Aliás, todos os fundos soberanos tem ações das nossas companhias", disse Eike ao Valor.

"Esses relacionamentos demoram a dar frutos porque tudo é muito rígido, detalhista. Eles ficaram dez meses na nossa casa. Para ter uma ideia foram checados 18.750 documentos. O fundo é profissional, estratégico mesmo. E para nós importante é a capacidade (da Mubadala) de avaliar nossa empresa de petróleo, pois eles entendem de petróleo", afirmou.
 
Outros investidores ainda podem entrar no grupo de Eike. Ele afirmou: "Tem mais gente que quer um pedaço do EBX. Eventualmente, podemos deixar entrar mais alguns, só vai aumentar o ”branding” e é reforço de caixa, para executar tudo aquilo que a gente diz que vai fazer", afirmou.
 
Para o empresário, que vem reagindo a criticas por prometer e não entregar, pesou na entrada da Mudabala no grupo que controla porque comprovaram os planos apresentados há um ano, nas primeiras conversas: "A gente falou coisas que iríamos fazer há um ano e entregamos tudo", disse. Diante dos resultados de balanços referentes ao desempenho de empresas da família X no ano passado ele frisou: " Não, não, eu sempre digo, estamos na fase pré-operacional, estamos investindo maciçamente. Vou cruzar minha geração de caixa em relação ao investimento em algumas companhias este ano e outras no ano que vem", disse. Para ele, a leitura desses balanços não tem nada a ver com o que o grupo vai realizar. Está previsto investimento de US$ 50 bilhões do grupo no país até 2021.

Eike disse que vai fazer o primeiro embarque com 600 mil barris na quarta-feira. "Será um cheque de US$ 60 milhões, nada mal", disse. Informou que a produção da OGX (braço petrolífero) está em 12 mil barris/dia. "A previsão é o segundo poço estar produzindo no final de abril e o terceiro 40 dias depois. É isso que o mercado vai medir. A companhia poderia estar fazendo uns 18 mil barris mas queremos preservar o reservatório", disse.
 
A Mubadala terá participação indireta tanto nas companhias abertas do EBX – OGX, OSX, MMX, LLX e MPX – como nas de capital fechado (AUX, REX e IMX). A parceria, segundo a EBX, abre espaço e plataforma para colaboração adicional entre as duas organizações em áreas de interesse mútuo.
 
O fundo é 100% controlado pelo governo dos Emirados Árabes. Com carteira de ativos que terminou o primeiro semestre de 2011 equivalente a US$ 46,6 bilhões, o fundo Mubadala tem como objetivo o investimento de longo prazo. O perfil das aplicações não é somente ter retorno financeiro.

No mesmo período, os ativos totais do fundo apresentaram crescimento de 67% devido à consolidação de novas linhas de negócios e de contribuições adicionais do governo de Abu Dhabi. As receitas apresentaram crescimento de 70% de janeiro a junho, quando comparados ao ano anterior, passando de cerca de US$ 2,18 bilhões para cerca de US$ 3,7 bilhões. Boa parte do aumento da receita é proveniente dos negócios de óleo e gás já detidos pelo Mubadala, que agora amplia sua participação no nesse mercado ao entrar no EBX.

O segmento de tecnologia de semicondutores representou 40% do faturamento do grupo. A venda de hidrocarbonetos, 28%; manutenção de aeronaves, 20%; e as receitas de concessão de serviços de infraestrutura, representaram 5%.
 
Segundo Eike, o recursos da Mubadala serão um reforço no caixa e para ampliar projetos como os de mineração de ouro na Colômbia. "Estamos procurando ativos mas não só no Brasil, como no Chile, na Bolívia. Nossos investimentos em ouro e na área imobiliária são gigantes", disse. Segundo ele, em breve ele vai anunciar um novo negócio na área de tecnologia. "Não é a parceria com Foxcom, é um investimento que não posso falar ainda".

(Heloisa Magalhães e Juliana Ennes | Valor)
 

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