Após vencer Viracopos, Triunfo deve precisar reforçar capital

Líder do consórcio vencedor do leilão para se tornar operador do aeroporto de Viracopos, a Triunfo Participações provavelmente terá que fazer um aumento de capital para dar conta dos investimentos necessários para a nova empreitada.
 
Em fase de investimento para a construção da segunda hidrelétrica do grupo – que possui também concessão de rodovias e um porto em Santa Catarina – a Triunfo passa por uma situação em que seu lucro operacional (antes de juros e impostos) tem sido todo comprometido pelas despesas financeiras.
 
E além da outorga de R$ 3,821 bilhões que será paga ao governo ao longo do contrato (com ágio de 159% sobre o lance mínimo), o vencedor da disputa precisa arcar também com investimentos de R$ 8,7 bilhões no aeroporto, sendo R$ 873 milhões nos primeiros dois anos.
 
A empresa foi procurada pela reportagem, mas informou que seus executivos estão ocupados na sede da BM&FBovespa, por conta da realização do leilão.
 
Em entrevista concedida ao Valor no fim do mês passado, o diretor financeiro da companhia, Sandro Antônio de Lima, disse que a empresa não precisava de recursos adicionais dos sócios para manter os projetos que já estavam em carteira. Ele havia dito também que via com bons olhos a ideia de fazer um aumento de capital, para aumentar a liquidez das ações da empresa na bolsa, mas que as cotações dos papéis não eram as mais favoráveis para uma operação desse tipo.
 
Com a entrada do novo projeto, é de se imaginar que o reforço de capital seja necessário. De janeiro a setembro de 2011, a empresa teve receita líquida de R$ 481 milhões, com alta de 22% sobre igual período do ano anterior.
 
Já o lucro antes de juros e impostos (Ebit, na sigla em inglês) foi de R$ 68,4 milhões, insuficientes para fazer frente à despesa financeira líquida de R$ 92,5 milhões nos nove meses iniciais do ano passado. Em setembro, a dívida líquida da Triunfo representava três vezes seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em 12 meses, de R$ 248 milhões. A posição de caixa e aplicações financeiras somava R$ 134 milhões.
 
É claro que o BNDES deverá financiar boa parte dos investimentos nos aeroportos, conforme prometido pelo governo. Mas uma parcela terá que ser paga pelos sócios do consórcio vencedor, que no caso de Viracopos incluem, além da Triunfo, a UTC Participações e a francesa Egis.
 
Em outubro de 2008, a Triunfo se classificou em primeiro lugar no leilão para concessão das rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto, no Estado de São Paulo, mas depois foi desabilitada por não depositar as garantias exigidas dentro do prazo. Após um longo processo na esfera administrativa e na Justiça, a Ecorodovias, segunda colocada no leilão, assumiu a concessão. Naquela época, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda da Triunfo era de 4,1 vezes.
 
No leilão de hoje, o segundo melhor lance para Viracopos, no valor de R$ 2,524 bilhões, foi dado pelo consórcio liderado pela Odebrecht.
 
A Triunfo abriu o capital na BM&Bovespa em julho de 2007, numa operação que movimentou R$ 513 milhões. Desse total, R$ 304 milhões foram em oferta primária (de novas ações), que reforçaram o caixa da companhia.
 
(Fernando Torres | Valor)

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