Asus deseja tornar-se uma das três maiores em PCs no país até 2013

Nas últimas duas semanas, o Brasil tornou-se, temporariamente, o centro de decisões globais da fabricante de computadores taiwanesa Asus. Durante esse período, circularam pelo escritório da companhia em São Paulo o executivo-chefe da empresa, Jerry Shen, o cofundador e presidente do conselho, Jonney Shih, e os principais diretores das áreas de vendas e desenvolvimento de produtos.

O motivo da visita da alta cúpula foi conhecer de perto um dos mercados que mais cresce na venda de computadores em todo o mundo. "O Brasil se tornará o terceiro maior mercado de computadores do mundo este ano, ou no ano que vem", diz Shen, ao Valor. Assim como os outros grandes nomes internacionais, como Hewlett-Packard (HP), Dell, Lenovo e Acer, a Asus não quer ficar deixar passar a oportunidade de crescimento no país.

Responsável por menos de 1% de todos os equipamentos vendidos no Brasil atualmente, a companhia almeja chegar a uma participação de 13% em um período de dois anos. Segundo Shen, esse percentual colocaria a Asus entre as três maiores fabricantes de computadores do país. Para atingir esse objetivo, a companhia colocou em prática, no início do ano, um plano para reforçar os negócios locais.

Um dos primeiros passos foi a contratação de um executivo brasileiro para comandar a subsidiária. Desde que chegou oficialmente ao país, no fim de 2008, a Asus vinha sendo chefiado pelo taiwanês John Shen. Para substituí-lo, foi escolhido Alexandre Wu, que dirigiu por nove anos a também taiwanesa D-Link no Brasil. Além disso, a companhia ampliou de um para quatro os modelos de computadores fabricados no país e diversificou os equipamentos disponíveis aos varejistas, incluindo os tablets, que passarão a ser fabricados no país a partir do ano que vem.

De acordo com Shen, as medidas vão ajudar a Asus a reduzir os preços de seus produtos e a melhorar a distribuição no varejo. "Queremos ser a melhor opção para a classe C. Mas também queremos ter produtos para as classes A e B", diz.

Com o investimento previsto para os próximos três anos – cujo valor não foi revelado – o executivo estima que o número de funcionários no Brasil passará dos atuais 70 para cerca de 300 até 2013. A maior parte da equipe ficará concentrada nas áreas de vendas e suporte.

A expansão no Brasil faz parte da estratégia de crescimento global da Asus. Com faturamento de US$ 10 bilhões em 2010, a empresa é a 5ª maior fabricante de computadores do mundo, segundo a consultoria Gartner. Até o fim do ano, as vendas chegarão a US$ 12 bilhões, estima Shen. Nos próximos dois anos, a meta é chegar à 3ª colocação no mercado global. Shen também pretende estabelecer a Asus como uma marca forte no mercado de tecnologia, ao lado de nomes como Sony e Apple. "Queremos ser a companhia de maior prestígio da economia digital", diz o executivo.

Fundada nos anos 80, a Asus passou boa parte de sua história nos bastidores do mundo dos computadores. Até 2006, seus produtos mais conhecidos eram componentes que faziam as máquinas funcionar, como placas-mãe e placas gráficas. Mas um projeto desenvolvido por Jerry Shen e Jonney Shih mudou os rumos da companhia. Vendido a partir de 2007, o Eee PC, equipamento que inaugurou a categoria dos netbooks, colocou a Asus na lista dos grandes vendedores de computadores.

Em menos de cinco anos, a companhia passou a ter 75% do seu faturamento originado dos computadores. Nos próximos anos, prevê Shen, o volume pode chegar a 90%. As grandes apostas da companhia são os tablets e os notebooks conhecidos como ultrafinos – equipamentos mais leves, que não deixam nada a desejar aos modelos tradicionais em termos de desempenho.

A expectativa de Shen é que os produtos desenvolvidos nessas áreas permitam à Asus brigar mais diretamente com a Sony, em reconhecimento de marca, já no ano que vem. Quanto à Apple, o caminho pode ser mais longo. "Temos que ser humildes e aprender muito com eles. Mas chegaremos lá em algum momento. Eu tenho uma ideia de quando isso irá acontecer, mas não posso revelar", diz Shen.

(Gustavo Brigatto | Valor)

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