Avon no Brasil já supera a matriz

A operação brasileira da Avon, há 53 anos no país, conquistou em 2010 o posto de maior faturamento entre as subsidiárias do grupo em todo o mundo, superando até a matriz, nos Estados Unidos. No ano, a Avon Brasil faturou US$ 2,2 bilhões, com aumento de 22,2% em relação a 2009, segundo o balaço da Avon Products Inc.

De 2005 a 2010 a subsidiária brasileira registrou expansão acumulada de 178%. O faturamento da matriz, desde 2007, não para de cair. Ficou estagnado na faixa de US$ 2 bilhões entre 2005 e 2008 e depois encolheu para US$ 1,7 bilhão em 2010. Em termos de participação nas vendas globais do grupo, diminuiu de 26,3%, em 2005, para 16% no ano passado. Em contrapartida, a operação brasileira saltou de 9,6% para 20,1% no mesmo período.

"O Brasil tem mostrado uma tendência de crescimento econômico constante e sustentado. Estamos acompanhando cuidadosamente este movimento e as oportunidades de mercado, com o maior poder aquisitivo dos consumidores e a demanda por produtos com mais qualidade", diz Luis Felipe Miranda, presidente da Avon Brasil. Segundo ele, a empresa vem se preparando para este incremento da demanda há anos.

Miranda lembra que a empresa tem investido para "ampliar a capacidade de produção, no centro de distribuição, em melhorias na integração dos sistemas de informação e no serviço oferecido às revendedoras". Com investimentos da ordem de US$ 150 milhões, o novo centro de distribuição, em Cabreúva (SP), é o maior da Avon no mundo e deverá entrar em operação total até o fim de 2011.

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A trajetória da Avon no país não é um caso isolado. O setor de higiene e beleza brasileiro tornou-se fundamental para os negócios de várias multinacionais – enquanto as economias europeia e americana mostram estagnação, a brasileira continua crescendo.

A unidade brasileira da Johnson & Johnson já é a segunda maior operação do grupo, atrás apenas dos Estados Unidos. "O Brasil ocupa um papel estratégico dentro dos mercados emergentes. Atualmente somos líderes de mercado em categorias importantes como proteção solar, cuidados femininos, enxaguatórios bucais, linha infantil e curativos", afirma Maria Eduarda Kertesz, presidente da Johnson & Johnson Consumo do Brasil.

Entre as principais estratégias da J&J para os próximos anos, a executiva aponta dois grandes investimentos em marketing: o patrocínio mundial da Copa do Mundo no Brasil em 2014 e a compra do pacote de transmissão do futebol da TV Globo em 2012. "Essas ações proporcionarão à Johnson & Johnson uma grande exposição e uma visibilidade no Brasil todo", diz Maria Eduarda.

Para responder ao crescimento da demanda no país, além dessas iniciativas, "a empresa vem se estruturando para estar mais próxima de mercados regionais, como o Norte e o Nordeste, que apresentam significativo crescimento na casa dos dois dígitos", diz a presidente da J&J.

Segundo a executiva, a companhia também reforçou seu portfólio nas marcas de beleza e fez grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, com as marcas RoC e Neutrogena. "Outro destaque é a parceria, desde junho deste ano, com marca grega de cosméticos Korres, que nos ajudará a atender a demanda brasileira", diz Maria Eduarda.

Presente no país desde 1996, a subsidiária da brasileira da Kimberly-Clark, dos Estados Unidos, também exibe números bem acima da média global. O seu faturamento aumentou 9% no ano passado e a previsão é crescer ainda mais neste ano: 13%, atingindo R$ 2,7 bilhões. O faturamento mundial da empresa subiu apenas 3% em 2010.

Para continuar avançando, a Kimberly-Clark está investindo pesado. "Estamos aplicando R$ 100 milhões na expansão da fábrica e no novo maquinário para aumentar a produção de absorventes da marca Intimus", afirma Marco Antonio Iszlaji, diretor de assuntos corporativos da companhia.

Em outra frente, "a empresa pretende investir US$ 250 milhões até 2013 na construção de uma nova fábrica no Nordeste, que produzirá todas as linhas da empresa e abastecerá também a região Norte", aponta o executivo. O projeto comporta ainda dois novos centros de distribuição (CD), no Norte ou Nordeste do País. "Assim, poderá conquistar novos consumidores das classes C e D, uma vez que grande parte deles vive nessas regiões", diz Iszlaji.

Além de comemorar a marca histórica de 100 anos de atividades em 2011, a empresa alemã BDF Nivea também festeja os resultados alcançados no Brasil. Depois de dobrar o tamanho da operação no País entre 2006 e 2010, sob a gestão do presidente Nicolas Fischer, a subsidiária pretende repetir essa façanha nos próximos cinco anos. Para isso, terá de ampliar suas vendas, em média, 15% ao ano de 2011 a 2015 – o mesmo índice médio verificado de 2006 a 2010, diz Fischer.

Nos últimos anos, o Brasil vem se configurando como um dos principais mercados para o grupo alemão Beiersdorf. "Desde 2006 nossa expansão tem sido de dois dígitos. Em 2009 conquistamos o maior crescimento entre as principais operações do grupo e em 2010 nossos resultados posicionaram-se entre os mais expressivos", afirma Fischer. Da 11ª posição em 2005, a subsidirária Nivea Brasil migrou em 2010 para o pelotão das cinco maiores, figurando atualmente entre as quatro maiores operações do grupo.

Em nível mundial, o grupo Beiersdorf está implementando uma nova plataforma de negócios, intitulada "Focus on skin care. Closer to markets" (algo como Foco nos cuidados com a pele. Mais perto dos mercados), que abarca o período de 2011 a 2015. A estratégia objetiva reforçar a participação da marca em mercados com alto potencial de consumo, batizados de "países emergentes", no qual o Brasil é um dos destaques.

A francesa L”Occitane também aposta no Brasil. Não por menos, a companhia "vem crescendo cerca de 35% ao ano no país nos últimos três anos e ocupa atualmente a quinta posição no ranking mundial", afirma Anna Chaia, presidente da subsidiária brasileira.

"O Brasil é prioridade para a companhia. Estamos abrindo cerca de 20 lojas por ano. Em 2009 iniciamos a plataforma de e-commerce e hoje atendemos todo o território nacional. Estamos também presentes em farmácias e acabamos de reformar o SPA L”Occitane da [rua] Bela Cintra, em São Paulo", informa a executiva.

Em 2009, a operação brasileira se tornou subsidiária da marca. Já em 2010, com a oferta pública de ações em Hong Kong, 65% do valor captado foi direcionado para China, Brasil, Rússia, Índia e México. "Queremos chegar a 130 lojas em três anos (atualmente são 70). Em 2011, pretendemos terminar com 90 lojas", diz Anna Chaia.

(Onildo Cantalice | Valor)

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