B2W anuncia aumento de capital de R$ 1 bilhão

SÃO PAULO – A Lojas Americanas fará um aumento de capital privado de R$ 1 bilhão em sua controlada B2W. A medida – anunciada como forma de acelerar o crescimento da varejista do comércio eletrônico – poderá resultar em um aumento considerável da fatia de controle da Americanas e até mesmo na incorporação da empresa. Ou poderá ser interpretada pelo mercado como a demonstração de confiança da controladora na B2W, mensagem aguardada há alguns anos.

A operação prevê a emissão de 46,253 milhões de ações, ao preço de R$ 21,62 cada. Esse valor é a média ponderada dos últimos sete pregões com um desconto de 10%. Ontem, os papéis encerraram o pregão em baixa de 2,1%, cotados a R$ 22,34.

Em comunicado, a Lojas Americanas afirma que o desconto foi dado como forma de estimular a adesão dos acionistas minoritários à operação.

No entanto, a controladora também terá o desconto para comprar os papéis e já informou que vai subscrever a totalidade de ações a que tem direito, para não ter sua fatia diluída na empresa.

Ou seja, do R$ 1 bilhão do aumento de capital, cerca de R$ 565 milhões virão da controladora. Os R$ 435 milhões restantes terão de vir dos acionistas minoritários, que acumulam anos de descontentamento com a B2W.

Baixa adesão

Analistas ouvidos pelo Valor acreditam que são grandes as chances de a adesão à operação ser pequena. E a Americanas informa no comunicado que ficará com os papéis dos acionistas que não acompanharem a operação.

Desta forma, ela deseja e pode aumentar sua fatia na B2W, o que facilitará uma eventual incorporação da varejista virtual, operação aventada pelo mercado desde o fim do ano passado.

O negócio que uniu Americanas.com e Submarino em dezembro de 2006 estabeleceu que, por quatro anos, a Lojas Americanas estaria impedida de adquirir ações adicionais da controlada que superassem 10% dos papéis em circulação no mercado sem a aprovação prévia da maioria dos membros independentes do conselho de administração. O prazo desse impedimento terminou em dezembro passado e desde então o mercado especula com uma operação.

Queda livre

Quando a ação da B2W estreou na bolsa, em agosto de 2007, valia R$ 84,50. De lá para cá, as ações entraram em queda livre. Em seu pior momento em bolsa, quando o mercado ainda vivia a crise de crédito global, em 2009, saiu na casa do R$ 19, menor valor histórico do papel. Foi nesse momento que a Americanas começou a avaliar uma possível incorporação, segundo apurou o Valor.

A ação ainda se recuperou nos meses seguintes, mas voltou a cair ao final de 2009, após o anúncio da associação do Pão de Açúcar com a Globex, com entrada no varejo eletrônico – sem perspectivas, ainda teria de enfrentar a concorrência.

A B2W sempre foi uma empresa que vendeu uma história de crescimento a taxas elevadas, mas que desceram de um patamar perto dos 40% para 25%. Porém, a falta de perspectiva para o negócio alimentou os rumores de que a Americanas não se importava com a queda das cotações, que acabariam barateando uma eventual absorção da empresa, conforme informou o Valor em junho do ano passado.

No comunicado divulgado ontem à noite, a Americanas informa que a capitalização vai melhorar a estrutura de capital da B2W, permitindo o aumento significativo dos investimentos destinados à inovação tecnológica e ao desenvolvimento de logística e operações, permitindo acelerar o crescimento e consolidar a posição de liderança de mercado.

Ou seja, não é possível descartar que o mercado possa interpretar o anúncio como uma aguardada – já há mais de quatro anos – manifestação da Americanas de comprometimento e confiança no negócio.

Papel com direito à subscrição até hoje.A operação deverá mexer com as ações nesta quinta-feira, uma vez que terão o direito de preferência no aumento de capital acionistas que possuírem papéis da empresa ao final do pregão de hoje. A B2W está avaliada na bolsa em R$ 2,5 bilhões.

Ao final de 2010, a Lojas Americanas possuía dívida líquida de R$ 313,5 milhões, resultado de empréstimos e debêntures de R$ 4,143 bilhões e caixa de R$ 3,829 bilhões (caixa mais aplicações financeiras e contas a receber dos cartões de crédito e débito, mais 50% do financiamento a clientes da FAI). Já a B2W tinha dívida líquida de R$ 532,6 milhões.

(Ana Paula Ragazzi | Valor)

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