Blausiegel redefine estratégia e estuda negociar parcerias

Marcelo Hahn, principal executivo e fundador da brasileira Blausiegel, foca parte dos negócios em bioctecnologia 
A farmacêutica nacional Blausiegel está se reestruturando para expandir seus negócios. Esse crescimento iria ocorrer originalmente com a ida da empresa à bolsa. Mas os planos mudaram no meio do caminho, disse Marcelo Hahn, presidente da empresa, ao Valor. "Nosso plano inicial era abrir o capital, mas nos últimos meses começamos a ser muito assediados pelo mercado."

Esse assédio mudou os planos da empresa. Desde março, a Blausiegel deixou de ser Blausiegel. Agora é apenas Blau. "É assim que somos conhecidos no mercado", disse Hahn. A nome da companhia significa selo azul em alemão.

Mas essa mudança não se limita ao nome, mais curto. A companhia está se reestruturando, dividindo as operações por áreas de atuação, que incluem preservativos, farmacêutica, hospitalar e bioctenologia. Assim fica mais fácil fazer uma associação ou a possível venda de ativos, explica Hahn. "Queremos dar foco ao negócio."

O movimento de consolidação ganhou peso nos últimos meses no Brasil, com importantes transações fechadas, sobretudo no ano passado. As compras realizadas pela francesa Sanofi-Aventis, que adquiriu a Medley, e Hypermarcas, com a incorporação da Neo Química, ajudaram a inflacionar os ativos nacionais em 2009.

De olho nesse novo desenho do mercado, o executivo, também fundador da farmacêutica, começou a se mexer. Segundo Hahn, há conversações em andamento que poderão se converter ou não em futura associação com outra farmacêutica ou fundos de investimentos. As negociações poderão ocorrer com apenas uma das divisões de negócios da companhia. Hahn não dá detalhes, mas não descarta a venda de sua área de preservativos (marca Preserv).

Hahn garante que também está com conversas engatilhadas para a compra de uma farmacêutica de pequeno porte, "com faturamento em torno de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões", para aumentar o portfólio na área de OTC, que incluem remédio isento de prescrição médica. "A possível associação com algum grupo ou fundo não inviabiliza a compra de um ativo, uma vez que permite expandir nossos negócios na área farmacêutica."

No mercado, há notícias de que a Blau estaria em negociações com a americana Pfizer. Hahn diz que há algumas sondagens de empresas nacional, estrangeiras e até fundos, sem cravar nomes.

Fundada em 1987, a Blau tem capital 100% nacional e é especializada em medicamentos biológicos e biotecnológicos. Com três fábricas, duas em Cotia, na Grande São Paulo, e outra na capital paulista, a empresa comercializa medicamentos oncológicos, antibióticos e anestésicos, sobretudo. Em 2005, a empresa agregou a linha hospitalar da Ariston, que pertencia à sua família. O processo de incorporação dessa empresa está andamento, mas não foi concluída.

De acordo com Hahn, o faturamento da empresa ficou em torno de R$ 220 milhões no ano passado, praticamente estável em relação a 2008. Dados da consultoria IMS Health, obtidos pelo Valor, indicam faturamento de R$ 17 milhões, mas não incluem a divisão hospitalar, preservativo e apenas parte das vendas na área farmacêutica. As exportações representam 5% da receita total do grupo, que inclui preservativo.

O executivo destaca que os produtos biotecnológicos são os mais negociados no mercado externo, com destaque para o Eritromax, o carro-chefe da Blau. A empresa exporta para mais de 20 países.

Formado em administração pela PUC, de São Paulo, Hahn, com 41 anos, diz que só tem pressa nas pistas. Ele é piloto da categoria GT3. A Blau patrocina a equipe de vôlei feminino de São Caetano e a Stock Car. Mesmo com um hobby cativo, é no setor farmacêutico que Hahn diz que se sente em casa. Boa parte de família do executivo é dedicada a esse segmento. "Meu bisavô tinha um laboratório na Alemanha, que foi adquirido por um grupo japonês."

(Mônica Scaramuzzo | Valor)
 

 

 

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