BNDES quer investir R$ 1 bilhão em fundos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) planeja investir R$ 1 bilhão em fundos de venture capital e private equity, que compram participações em empresas, até 2014.
 
Um dos focos de investimentos será em inovação, área em que o país ainda precisa avançar em relação a outras economias, de acordo com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Entre as iniciativas, o banco pretende patrocinar novas versões do fundo Criatec, que aplica em empresas em estágio inicial e que possuam perfil inovador combinado a um alto potencial de retorno. A instituição também tem planos de constituir um fundo multissetorial de venture capital – com foco em companhias de menor porte – e dois de private equity, voltados a empresas maiores.
 
O objetivo é que os investimentos do banco estimulem a entrada do setor privado. Para cada R$ 1 aplicado pelo BNDES, o mercado aplica pelo menos R$ 4, segundo Coutinho. "A expectativa é que o R$ 1 bilhão do BNDES se transforme em R$ 5 bilhões", afirmou, ao participar da abertura do congresso anual promovido pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).
 
A indústria brasileira de fundos de private equity deve apresentar um crescimento de 20% ao ano nos próximos anos, projeta o presidente da Abvcap, Clovis Meurer. No ano passado, o volume de captações de fundos destinados ao país atingiu US$ 7 bilhões. Capitalizados, os gestores devem agora intensificar o ritmo de negócios, segundo Meurer.
 
Além dos investimentos, a dinâmica do mercado envolve a saída dos fundos, que costuma se dar com a venda da participação a um investidor estratégico ou com a abertura de capital da companhia na bolsa.
 
Apesar da volatilidade que fechou a janela de oportunidade nos últimos meses, a bolsa brasileira é uma opção viável e madura de saída para os investimentos dos fundos de private equity, embora suscetível às condições de mercado, avalia o diretor do Carlyle e vice-presidente da Abvcap, Fernando Borges. "O fundo não sai do investimento quando quer, mas quando pode", pondera.
 
Embora viável, a alternativa do IPO no Brasil, no entanto, está restrita às empresas de grande porte, ao contrário de outros mercados. Para a presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, essa limitação é uma "fraqueza" do mercado de capitais brasileiro.
 
No Brasil, o volume médio levantado nos IPOs no ano passado foi de US$ 418 milhões, acima de países como Austrália (US$ 66 milhões), Indonésia (US$ 89 milhões) e mesmo Estados Unidos, cuja média dos IPOs em 2011 foi de US$ 246 milhões. "O que no Brasil se chama de IPO provavelmente não é o mesmo do que em outros lugares", compara.
 
Para a presidente da CVM, a experiência internacional deveria servir de inspiração para o Brasil, e cobrou uma iniciativa dos agentes de mercado. Ela admite também uma revisão na regulação para facilitar esse processo, mas pondera que qualquer flexibilização das normas deve ser realizada de forma a não enfraquecer demais o nível de informação ao investidor.

(Vinícius Pinheiro e Tainara Machado | Valor)

 

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