BR Insurance quer dobrar aquisições até o fim do ano

A maratona de aquisições a que BR Insurance deu largada no início deste ano deve fazer a holding de seguros chegar a dezembro com 39 empresas, 12 a mais do tinha quando estreou na bolsa em outubro do ano passado.

De janeiro para cá, a companhia comprou seis corretoras, totalizando um gasto de R$ 128 milhões. O objetivo é, até o fim do ano, aplicar mais R$ 100 milhões em outras seis aquisições.

"Existem atualmente 60 operações em andamento. Mas cada empresário tem o seu "time" ", afirma o presidente da companhia, Bruno Padilha.

Segundo o executivo, as compras devem permanecer em ritmo acelerado em 2012, ano em que o gasto previsto com esse tipo de negócio deve ficar por volta de R$ 200 milhões.

A BR Insurance atua em sete ramos de seguros – garantia, automóveis, transportes, grandes riscos, vida, saúde e bens. Somente esses dois últimos segmentos representam 65% do negócio. "São as áreas mais rentáveis e com maiores perspectivas de crescimento", aponta Padilha. Por isso, os segmentos de bens, saúde e vida serão o foco principal das novas aquisições.

O dinheiro levantado na oferta primária da abertura de capital da holding (R$ 350 milhões), no entanto, não deve ser suficiente para concretizar os planos até 2012. "Quando acabar o dinheiro, começaremos a usar o nosso caixa", explica Padilha.

Os resultados da companhia no primeiro ano de operações têm surpreendido os analistas. O lucro da empresa dobrou, para R$ 24 milhões, no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A comparação simula como se, já naquele período, as corretoras estivessem unidas em uma só gestão.

O HSBC, que acompanha a companhia, destaca um efeito imediato à integração das operações da holding. "Os custos operacionais tiveram queda de 2,1% em relação ao primeiro trimestre, mostrando que a execução das estratégias de custos da administração começou a trazer benefícios antes do esperado", aponta relatório da instituição divulgado na segunda-feira.

Os bons números da companhia refletem outros dois fatores: o compartilhamento de carteiras de clientes entre corretoras de diferentes segmentos e o aumento do poder de barganha das comissões passadas das seguradoras aos corretores.

Na prática, a BR Insurance consolidou-se como a primeira holding em um mercado pulverizado, que conta com 65 mil agentes de corretagem dispersos, incluindo autônomos e empresas de pequeno e médio porte. "Conseguimos aumentar em 15% o valor das comissões praticadas", diz Padilha.

Ex-diretor da área de mercado de capitais do Unibanco, o executivo tem apenas 36 anos. Em maio, saiu do conselho de administração para assumir a presidência da BR Insurance.

Ao lado de José Ricardo Fausto, atual diretor de operações da holding, Padilha era sócio da Gulf Investimentos quando visualizou o modelo da BR Insurance. Hoje, o fundo tem 17% do capital da companhia.

Em boa medida, o negócio foi inspirado no formato da BR Brokers, holding de imobiliárias – também formatada pela Gulf Investimentos – que abriu o capital em 2007. "Por si só, o setor de seguros cresce 20% ao ano."

Ontem cotados a R$ 17,10, os papéis da BR Insurance acumulam alta de 27% desde a sua estreia na bolsa. O valor de mercado da companhia é de R$ 1,54 bilhão.

Em julho, cada ação da empresa foi dividida em cem. Esse desdobramento deve ampliar o acesso de pessoas físicas à companhia, que fez oferta pública inicial apenas para investidores qualificados. "A meta é atingir um volume de R$ 6 milhões de negociações diárias até o fim do ano", diz Padilha. A liquidez média, no segundo trimestre, foi calculada em R$ 4,4 milhões ao dia, alta de 33% em relação aos três primeiros meses do ano.

O HSBC calcula preço-alvo em 12 meses de R$ 26,30 para os papéis da BR Insurance, enquanto o BTG Pactual aponta para R$ 26,50 e o Morgan Stanley, para R$ 31. A recomendação das três instituições é de compra. Neutro, o JP Morgan tem preço-alvo de R$ 19.

(Marina Falcão l Valor)

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