BR Partners compra banco Porto Seguro

Interessada na estruturação de ofertas de ações de empresas, a butique de investimentos BR Partners fechou a compra do banco Porto Seguro. A instituição adquirida não tem qualquer ligação com o grupo segurador de mesmo nome. A operação, assinada na quarta-feira, ainda depende da aprovação do Banco Central.
 
A BR Partners negociava há mais de um ano uma licença de instituição financeira com o Banco Central. A solução para não prolongar a espera acabou sendo a compra de um banco que estava inoperante. Há 14 anos, o banco de José Roberto Bueno, que também tem negócios na área da agropecuária, estava em liquidação extrajudicial. Em junho, segundo dados do Banco Central, o Porto Seguro tinha R$ 19,5 milhões de capital. O valor do negócio não foi divulgado.
 
Sem a permissão, a BR Partners vinha mantendo seu foco em fusões e aquisições, quadro que deve mudar em breve. Com a licença de um banco múltiplo em mãos, a BR Partners está solicitando para o Banco Central a transformação da instituição em um banco de investimento. A partir dessa plataforma, a BR Partners também quer acrescentar uma corretora.
 
Dos R$ 200 milhões de capital da BR Partners, R$ 120 milhões ficarão na nova instituição. Com a autorização para operar como banco, Andrea Pinheiro, sócia da BR Partners, explica que a instituição pretende atuar em ofertas de ações. Para isso, a equipe será aumentada dos atuais 65 funcionários para cem pessoas.
 
Além disso, a BR Partners também contará com a parceria fechada em outubro com a Raymond James Financial, empresa americana de serviços financeiros, para a análise de ações, de acordo com a executiva. "Para fazer a análise dos papéis, não precisaremos de novas contratações", explica Andrea. Para montar a área de "back office", a BR Partners contratou Sérgio Carboni, executivo que trabalhava no concorrente Credit Suisse.
 
Desde janeiro, a BR Partners buscava licenças de bancos já existentes para comprar, segundo Andrea, como uma forma de acelerar sua transformação em banco.
 
Apesar de não ter participado das negociações em nenhum momento, a aproximação entre as duas partes começou com a ajuda do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). De um lado, o fundo sabia do interesse da BR Partners de abrir um banco, ao mesmo tempo em que o antigo controlador do Porto Seguro queria se desfazer da operação.
 
A butique de investimento tem como sócios principais Ricardo Lacerda, ex- Citi e Goldman Sachs, Andrea, ex- BMC e Bradesco, Renato Naigeborin, ex-chefe da mesa de derivativos do Citi e ex-executivo do Merrill Lynch, e Otávio Guazelli, ex-Citi.
 
O grupo de sócios que fundou a butique aportou inicialmente R$ 65 milhões. A outra metade dos R$ 130 milhões do capital inicial veio de onze famílias de empresários brasileiras com quem os banqueiros tinham relacionamento anterior. Alguns nomes são João Alves de Queiroz Filho, o Junior, dono da Hypermarcas, a família Feffer, do grupo Suzano, Jaime Pinheiro, ex-controlador do BMC, Waldemar Verdi, da Rodobens, e os Zogbi, ex-donos da Ripasa.
 
Essas famílias entraram apenas como investidores financeiros, subscreveram ações preferenciais (sem direito a voto) e não participam do negócio ativamente. As ações ordinárias da sociedade estão nas mãos dos executivos.
 
A competição entre os bancos de investimento neste ano tem sido bastante favorável às instituições nacionais, principalmente em um momento em que, na matriz, os estrangeiros enfrentam um período mais turbulento. Em ações, três bancos brasileiros lideram as vendas: Itaú BBA, BTG Pactual e Bradesco BBI distribuíram 58,3% dos US$ 10,9 bilhões em papéis lançados até outubro deste ano, segundo dados da Dealogic.

(Carolina Mandl | Valor)

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