Bradesco e BMG farão emissão de letra

Os bancos começam a testar a demanda do mercado por emissões públicas de letras financeiras. Após o Daycoval anunciar que pretende realizar um programa para captar R$ 1 bilhão nos próximos dois anos, Bradesco e BMG entraram com pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captar recursos no mercado.

A emissão de estreia do Daycoval será de R$ 200,1 milhões e terá prazo de dois anos e um mês, um a mais que o mínimo requerido. A remuneração será de até 115% do CDI, dependendo da demanda durante o processo de coleta de intenções de investimento ("bookbuilding"). A taxa é superior à média dos CDBs emitidos por bancos de médio porte, segundo especialistas. Esse prêmio, porém, é considerado natural diante do caráter de longo prazo da letra financeira, enquanto o CDB possui liquidez diária. Procurados, Bradesco e BMG confirmaram o pedido na CVM, mas não deram detalhes sobre os programas.

A emissão pública de letras foi regulamentada em dezembro pela CVM, dias depois da decisão do Banco Central de isentar os papéis do recolhimento do compulsório e, ao mesmo tempo, elevar a alíquota para os depósitos a prazo (CDB). Desde então, os bancos aceleraram as emissões das letras em caráter privado, que alcançaram estoque de R$ 91 bilhões no final de junho, o que representa uma parcela de 11% do estoque total de títulos bancários, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

O resultado das primeiras emissões deverá estimular outros bancos a virem a mercado, segundo o analista João Augusto Salles, da Lopes Filho. Ele lembra que o momento para testar o interesse do investidor é propício, já que os bancos se ressentem da paralisação da cessão de carteiras desde o caso PanAmericano, além do fim gradual do depósito com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (DPGE) determinado pelo Banco Central e da janela mais apertada para captações externas.

Além da rentabilidade, a demanda dos investidores dependerá das condições de liquidez dos papéis no mercado secundário, avalia Salles. Dados da Anbima mostram que o volume total de negociação com os papéis registrou recorde no mês passado, quando ocorreram 387 operações, no total de R$ 1,9 bilhão. A expectativa é que a cifra aumente com as emissões públicas.

(Vinícius Pinheiro | Valor)

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