Brasil entra na rota dos fundos bilionários

O Brasil entrou na rota dos maiores fundos de hedge do mundo, verdadeiros condomínios de dinheiro que utilizam as técnicas mais avançadas da matemáticas e da análise microeconômica para conseguir rentabilidade acima da média dos mercados.

Voltados a grandes investidores (fundos de pensão e famílias endinheiradas), esses fundos têm liberdade total para aplicar simultaneamente em ações, títulos de dívida pública e privada, moedas, derivativos e commodities. A palavra de ordem é bater, no longo prazo, todos os demais investimentos.

No Brasil, estão 5 das 302 maiores gestoras independentes (fora de grandes bancos) com mais de US$ 1 bilhão: Hedging-Griffo, Tarpon, JGP, GAP e Gávea.

Juntas, as cinco administram hoje US$ 15,43 bilhões (R$ 25,92 bilhões). Há um ano, só uma fazia parte do "clube do bilhão" do setor, segundo a consultoria britânica Hedgefund Intelligence.

BUTIQUES

Em comum, as cinco top nasceram em pequenos escritórios, com grupo restrito de clientes e fundadas por pelo menos uma "estrela" do mercado que fez nome e fortuna nos grandes bancos.

Trabalham com fundos sem liquidez diária, sendo os cotistas obrigados a receber eventuais saques em prazos de 30 dias a três anos.

Todas estão fora de grandes bancos ou conglomerados financeiros, com exceção da Hedging-Griffo que foi comprada pelo gigante Credit Suisse em 2006, mas segue com independência.

A gestora nasceu em 1981 no centro velho de São Paulo e seu "Fundo Verde" chamou atenção após bater, por sucessivos anos, os rankings de retorno do início da década. Hoje, gere R$ 40 bilhões.

Outro dos mais antigos, a carioca GAP Asset surgiu em 1996 no Leblon (zona sul do Rio), focada no investimento em ações. Cresceu e foi para a Barra da Tijuca, onde encontrou mais espaço para acomodar mais de 50 colaboradores. "Ter rentabilidade alta uma ou duas vezes é fácil; difícil é acertar todos os anos", disse Alexandre Maia, economista da GAP.

Depois que saiu do governo, o ex-BC Armínio Fraga abriu a Gávea Investimentos também no Leblon. Sete anos depois, já tem mais de R$ 10 bilhões sob sua gestão e pode acabar nas mãos da americana Highbridge, gestora ligada ao JPMorgan.

Fora do eixo Leblon-Barra, a JGP foi fundada por André Jakurski, antigo sócio do Banco Pactual, no centro do Rio. Hoje, tem mais de R$ 5 bilhões sob gestão.
A paulista Tarpon seguiu caminho diferente e foca investimentos em poucas empresas -hoje são 10 companhias abertas e três fechadas.

Como "fere" um dos principais postulados da indústria de fundos -o de jamais concentrar risco-, a Tarpon faz questão de ter assento em todas as empresas nas quais investe.

"Tivemos a ousadia de sair do lugar-comum e apostar em uma filosofia de longo prazo. Queremos olhar o que os outros não estão vendo", diz o sócio Eduardo Mufarej.

(Folha Online)

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