British e Iberia começam integração pelo Brasil

O terceiro maior grupo aéreo da Europa e o sexto do mundo, o International Airlines Group (IAG), fusão entre a British Airlines e a Iberia, escolheu o Brasil para ser o primeiro país a promover a integração entre elas. No dia 21 de janeiro, as duas empresas formalizaram o nascimento da IAG, com valor de mercado de US$ 8,5 bilhões.

Diretor comercial da British no Brasil, José Antonio Coimbra, disse ao Valor que a primeira fase já está em curso. Até 1º de julho, British e Iberia vão integrar seus canais de venda de passagens. Segundo Coimbra, são cerca de 100 agências de turismo que venderão passagens das duas aéreas, com taxa única de remuneração.

Depois disso, será a vez de definir o organograma da operação brasileira. A tendência é a de estabelecer um único comando no país para as duas empresas. As duas únicas cidades que deverão manter estruturas separadas para cada companhia são Londres e Madri. Isso porque as duas marcas continuarão existindo.

A British tem 140 funcionários no Brasil, incluindo os da área administrativa e tripulação, já que todos os voos da empresa britânica contam com comissários brasileiros. A espanhola Iberia, por sua vez, tem em torno de 100 empregados.

"Para a Iberia, o Brasil é importante porque é o seu maior mercado fora da Espanha. Para a British, a importância está na complexidade da regulamentação e da legislação", afirma o principal executivo da British no Brasil. "Costumamos brincar que se a IAG der certo no Brasil, vai vingar em qualquer lugar do mundo", acrescenta Coimbra.

O primeiro sinal de que o Brasil seria o primeiro país a implementar a integração da IAG foi dado no ano passado. Coimbra conta que foi quando, sem fazer qualquer alarde, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a troca de informações estratégicas entre as duas empresas no Brasil.

Outro passo que será dado para a implementação do IAG no Brasil é um acordo de compartilhamento de voos (code share) entre a British e a Iberia. O pedido será encaminhado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Com a união, as duas empresas europeias passarão a ter 37 voos por semana no Brasil, a partir de julho. Será quando a Iberia passará a ter 27 frequências por semana, sendo 3 voos entre São Paulo e Barcelona. A empresa espanhola também opera voos diários de Madri para São Paulo e Rio de Janeiro.

A British tem atualmente 10 voos por semana, sendo um voo diário entre São Paulo e Londres. A empresa tem também três frequências semanais entre o Rio e Londres. Com 37 voos no Brasil, a IAG vai ultrapassar a Air France-KLM, que opera 35 frequências semanais no país.

"Há potencial para mais voos no Brasil, mas nada foi definido ainda", afirma Coimbra. Segundo ele, uma das possibilidades é a British aumentar o número de voos entre Londres e Rio. No fim de março, a companhia vai aumentar em 30% a oferta de assentos entre São Paulo e Londres, mas sem criar novos voos.

O diretor da British diz que isso será possível porque a rota inclui uma escala em Buenos Aires, que passará a ter voo direto para Londres. Com o fim dessa escala, a oferta aumenta porque não vai mais haver demanda de passageiros para a Argentina.

Coimbra reforça a estratégia traçada pela IAG desde o início, a de ser um grupo que não vai se limitar a duas empresas, conforme tem dito publicamente o presidente mundial da British, Willie Walsh. O diretor brasileiro lembra que a IAG tinha uma lista inicial de 40 potenciais integrantes. A relação atual, diz ele, foi reduzida para 12 parceiros.

A IAG foi indicada pela imprensa portuguesa como potencial participante do processo de privatização da TAP, que deverá ter início a partir de março. O governo de Portugal tem 100% das ações da companhia. A alemã Lufthansa e a Qatar Airways também estariam no páreo.

(Alberto Komatsu | Valor)

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