BTG capta fundo de US$ 1 bilhão

Depois de montar com recursos próprios um portfólio de private equity com participações em pelo menos cinco empresas, o BTG Pactual está começando a levantar dinheiro de investidores para montar dois novos fundos. Um deles poderá alcançar US$ 1 bilhão, segundo o Valor apurou. O outro fundo que o banco pretende montar terá como alvo a compra de companhias da área de saúde.

Neste momento, o banco está fazendo apresentações a investidores no exterior, conforme apurou o Valor. Nos últimos dias, os executivos reuniram-se com investidores do Oriente Médio. Carlos Fonseca é o sócio que está à frente das atividades de private equity. Procurado, o BTG Pactual não quis se pronunciar sobre os fundos.

Antes de partir para a captação de recursos de terceiros, a estratégia do BTG Pactual foi começar em 2008 a montar uma carteira com investimentos próprios. Hoje, o private equity do banco tem participação na empresa de farmácias Farmais, na Mitsubishi do Brasil, do setor automotivo, na rede de estacionamentos Estapar, e a rede de postos de gasolina Derivados do Brasil, das bandeiras Aster e Via Brasil.

O portfólio serve como uma espécie de vitrine para potenciais cotistas dos novos fundos, dando uma ideia de como o banco faz a avaliação das companhias que compra e qual a rentabilidade apresentada até o momento.
Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BTG Pactual tem registrados dois fundos de investimento em participações em fase pré-operacional: o Economia Real e o Saúde.

O banqueiro André Esteves, controlador do BTG, gostaria de alcançar o primeiro lugar do ranking de private equity no país. Na tentativa de crescer de uma só vez, Esteves chegou a negociar, no início do ano, a compra da gestora de recursos BRZ, controlada pela GP Investimentos. O banqueiro chegou a dizer a interlocutores que, somada aos investimentos do banco, a carteira de private equity da BRZ daria ao banco a liderança. As conversas, mantidas com o sócio da GP, Antonio Bonchristiano, não chegaram a avançar porque não houve acordo quanto ao preço.

Além dos investimentos em empresas realizados no formato de private equity, o BTG Pactual tem ainda participações em outras duas empresas, a Vanguarda, com 10%, e a Vicunha Têxtil, mas afirma que essas transações são da área de crédito. No dia 31 de maio a Vicunha Têxtil enviou comunicado à Comissão de Valores Mobiliários informando que o BTG, por meio do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Nala, comprou 37,5% do capital total da Textília, sua controladora, por R$ 250 milhões. Em entrevista ao Valor, o presidente da Vicunha Têxtil, Ricardo Steinbruch, insistiu que a transação envolveu capital e não crédito.

O BTG Pactual, por sua vez, diz que a transação foi de crédito. O banco não quis explicar, no entanto, como uma compra de ações preferenciais pode ser contabilizada como operação de crédito. O mercado especula que, acopladas à compra das ações da Textília pelo BTG, poderiam ter sido usadas opções de venda das mesmas ações. As ações, dessa forma, seriam apenas alguma forma de garantia a um empréstimo. Os recursos do BTG foram usados para pagar debêntures de R$ 250 milhões que venciam em 1º de junho. Mas a estrutura clara da transação não foi esclarecida por nenhuma das partes.

Também a compra de 10% da Vanguarda Participações (por US$ 68 milhões), empresa controlada pelo megaprodutor agropecuário Otaviano Pivetta, foi anunciada pela companhia em setembro de 2008 como injeção de capital pelo Pactual, então controlado pelo suíço UBS. Mas o BTG Pactual insiste se tratar de uma transação de crédito. Recentemente, a Vanguarda contratou agência de rating para tentar emitir eurobônus no exterior, mas voltou atrás na emissão.

O BTG Pactual tem ainda participação de 2,9% no capital total do banco Cruzeiro do Sul. O BTG comprou as ações, mas quem ficou com o risco de oscilação de seu preço foi o Cruzeiro do Sul, que fez uma transação de troca de fluxos financeiros futuros com o BTG. A troca foi dos juros dos Depósitos Interfinanceiros (DI) pela variação da cotação das ações.

Hoje, a maior gestora de fundos de private equity no Brasil é a Advent, com US$ 5 bilhões em fundos. Neste ano, fora os recursos em fase de captação do BTG Pactual, gestoras de fundos de participações em empresas, como Carlyle, Advent, Modal, DGF e TMG, já anunciaram que levantaram US$ 2,5 bilhões.

(Carolina Mandl e Cristiane Perini Lucchesi | Valor)
 

 
 

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