BTG está a um passo de desistir de Casa & Video

Depois de enfrentar uma exaustiva negociação de seis meses com Lojas Americanas, que não se concretizou, a varejista fluminense Casa & Video tem o seu segundo potencial comprador próximo de desistir do negócio.

A área de "merchant banking" do BTG, que concentra as operações de varejo do banco, iniciou em fevereiro uma "due dilligence" na Casa & Video, com a perspectiva de adquirir 70% da empresa por R$ 100 milhões e assumir as suas dívidas, de pouco mais de R$ 300 milhões, que haviam sido renegociadas dentro de um programa de recuperação judicial.

A investigação nas contas da varejista, conduzida pela Ernst & Young e pelo escritório de advocacia Barbosa Müsnich Aragão, foi oficialmente encerrada em março, mas o banco decidiu aprofundar o processo, com ênfase nas áreas fiscal, trabalhista e societária. "O BTG teme que cadáveres possam ressuscitar no futuro", disse ao Valor uma fonte que acompanha as negociações, referindo-se a passivos que poderiam ser descobertos depois de encerrado o período de recuperação judicial. "Uma multa [por dívidas fiscais ou trabalhistas] pode inviabilizar a operação", diz a fonte.

Pouco depois que se tornou pública a negociação entre BTG e Casa & Video, no início de fevereiro, a 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio pediu que as empresas prestassem esclarecimentos a respeito. Em entrevista ao Valor no fim de fevereiro, a juíza Maria da Penha Nobre Mauro informou que se a empresa for alienada, haverá uma avaliação judicial sobre as obrigações com os credores e quem será responsável por elas. Nesse caso, "uma análise casuística vai determinar se o adquirente assume as obrigações constantes do plano de recuperação judicial, bem como vai determinar os direitos e obrigações entre as companhias do grupo societário e seus controladores, e entre credores e eventuais adquirentes", afirmou.

Segundo a fonte, o BTG estaria inclinado a desistir do negócio. "Para o banco, é muito mais interessante investir em outro tipo de varejo, como as farmácias, que não trazem problemas e têm potencial de crescimento", afirma. O BTG é dono da Brazil Pharma, o seu principal negócio de varejo até o momento. Criada em setembro de 2009, a partir da compra das 396 lojas da Farmais, a Brazil Pharma soma hoje cerca de 700 pontos de venda, que faturaram perto de R$ 1 bilhão em 2010, e está prestes a fazer sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).

A Casa & Video seria o primeiro varejo de eletroeletrônicos e utilidades domésticas do grupo. Mas as chances de o negócio se concretizar são cada vez mais escassas, diz a fonte. "O BTG queria comprar a empresa, não comprar briga".

Com 66 lojas e faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2010, a Casa & Video é presidida por Fabio Carvalho, ex-consultor da Alvarez & Marsal, que assessorava a empresa e se tornou o seu principal acionista depois de aprovado o plano de recuperação judicial da rede, em fevereiro do ano passado. Segundo apurou o Valor, o BTG emprestou dinheiro a Carvalho para que ele comprasse a sua participação na Casa & Video. Procurados, Carvalho e BTG não quiseram comentar as negociações. (DM)

(Valor)

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