Bunge investe US$ 2,5 bi em bioenergia com caixa próprio

Os investimentos de US$ 2,5 bilhões que serão efetuados pela Bunge Brasil em bioenergia serão realizados com recursos próprios, já em caixa. A informação é do diretor de Assuntos Corporativos da Bunge, Adalgiso Telles. Segundo ele, esses são apenas os investimentos que estão focados na expansão das oito usinas do grupo. "Investimentos em aquisições e em novos greenfields não fazem parte desta conta", afirma.

Os recursos serão investidos entre 2012 e 2016 e serão priorizados na produção de etanol e cogeração, embora Telles informe que o mix de produção entre açúcar e etanol irá variar de acordo com o mercado. A expectativa é de que em 2016 todas as usinas do grupo estejam produzindo 1.800 GWh por ano. Atualmente, apenas cinco unidades têm cogeração. Todas as oito usinas deverão produzir energia até o final de 2016.

Telles disse também que em 2011 a empresa irá investir US$ 350 milhões no setor de cana, principalmente no plantio. "Estão sendo plantados neste ano 70 mil hectares, sendo que 50 mil hectares são de área própria", disse o executivo.

Os investimentos da Bunge no Brasil até 2016 estão concentrados para expansão industrial e suas oito usinas porque, pela atual legislação que versa sobe propriedade de terras por estrangeiros, a companhia não poderia construir novos greenfields. A informação é do presidente da Bunge Brasil, Pedro Parente. Ele explicou que a legislação atual limita a posse de terra por empresas de capital estrangeiro e que, para a construção de novos greenfields, é necessária a expansão da área de terra, e a Bunge já atingiu o limite permitido pela lei.

"Mudanças na lei estão sendo discutidas e a presidenta Dilma Rousseff, com quem nos encontramos hoje, mostrou a maior boa vontade em realizar ajustes para incrementar a matriz energética renovável do Brasil", disse Parente. O executivo ressaltou, contudo, que enquanto o quadro jurídico atual não permitir a expansão das terras, os investimentos serão feitos na expansão industrial e em cana de açúcar de fornecedores.

O presidente mundial da Bunge, Alberto Weisser, disse que a expectativa é de que as oito usinas da Bunge cheguem a um processamento de cana de 40 milhões de toneladas, sendo 5 milhões de toneladas em cada uma. O plano de negócios divulgado hoje, que vai até 2016, prevê a expansão da atual capacidade de moagem de 21,5 milhões de toneladas para 30 milhões de toneladas de cana por ano. "Os outros 10 milhões de toneladas seriam expandidos depois de 2016", disse Weisser.

O executivo destacou a importância do Brasil nos investimentos mundiais da Bunge. Segundo ele, em 2012,  a companhia investirá US$ 1,2 bilhão a nível mundial, dos quais US$ 500 milhões serão na área de cana do Brasil.

Parente disse também que a Bunge do Brasil vai passar de um ciclo de investimentos de US$ 400 milhões ao ano realizados nos últimos quatro anos para um novo ciclo de investimentos de US$ 500 milhões ao ano nos próximos cinco anos. "Com os investimentos anunciados hoje, a Bunge terá investido US$ 4,5 bilhões no setor sucroalcooleiro do Brasil até 2016", afirmou.

Operações logísticas

Segundo o presidente da Bunge Brasil, a companhia também está preparada para expandir suas operações logísticas de acordo com o crescimento da sua oferta de açúcar e etanol. Parente disse que investimentos devem ser realizados nos terminais portuários da empresa.

Sobre a reunião com a presidente Dilma Rousseff realizada hoje em São Paulo, Weisser disse que temas mundiais importantes foram abordados e que a presidente mostrou-se muito preocupada com a responsabilidade que o Brasil tem na oferta de alimentação para o mundo. O presidente mundial da Bunge disse ainda que Dilma mostrou-se comprometida em contribuir para que o setor sucroalcooleiro consiga elevar a oferta de etanol

(Eduardo Magossi l Agência Estado)

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