Caloi volta ao lucro e inicia expansão

De volta ao lucro líquido, após quase 20 anos de operação no vermelho, a Caloi traçou planos ambiciosos para os próximos anos. Além de iniciar um novo ciclo de investimentos, com aporte de R$ 30 milhões em três anos e expansão do parque fabril, a maior companhia brasileira de bicicletas pretende internacionalizar seus negócios e consolidar-se fornecedora em mercados estratégicos, como o europeu. A proposta da Caloi, que se prepara para abrir uma filial em Xangai, é atrair fabricantes de peças asiáticos para o país e, assim, criar condições para a instalação de um cluster nacional de bicicletas, que se posicionaria como importante fornecedor mundial, atrás de China e Índia.

Para este ano, a fabricante, controlada pela família Musa desde 1999, projeta crescimento de 15% no faturamento, para R$ 195 milhões, e lucro líquido de R$ 10 milhões, ante R$ 7 milhões um ano antes. Em 2009 foi atingido o primeiro resultado positivo em quase duas décadas. "Há um novo momento no mercado de bicicletas e acertamos em cheio, lá atrás, ao apostarmos na mobilidade urbana", afirmou o presidente da empresa, Eduardo Musa.

À frente da operação desde 2004, Musa explicou que a concentração dos fabricantes de bicicletas no sudeste asiático, apesar da complexa logística de comércio exterior, e o potencial de crescimento de vendas em outras regiões abre espaço para um novo fornecedor de perfil global. "Hoje, 85% das 120 milhões de bicicletas vendidas mundialmente são produzidas na China. Mas o mercado doméstico chinês vai crescer e haverá oportunidade para novos fornecedores em outros mercados", comentou.

No Brasil, as vendas de bicicletas ficaram estagnadas nos últimos 10 anos, em torno de 5,3 milhões de unidades ao ano. Contudo, a mudança de hábito do consumidor, que começa a valorizar o item como meio de transporte urbano, fez surgir uma nova "onda" no segmento, segundo o executivo. "A transição da bicicleta de lazer para meio de transporte urbano deve ser rápida e já começou. É a onda da mobilidade", disse.

Para atender à demanda futura, a Caloi investirá R$ 30 milhões nos próximos três anos, num pacote que incluirá a expansão da capacidade produtiva para 1 milhão de unidades já em 2011. Neste ano, as vendas da empresa devem alcançar 800 mil unidades, com alta de 15% ante 2009, e somente não crescerão mais por indisponibilidade das linhas. "Não faltará bicicleta no mercado, mas as fábricas vão operar no limite até o fim do ano", afirmou. A Caloi tem uma unidade em Atibaia (SP), onde produz bicicletas infantis, que representam cerca de 20% das vendas da empresa, e outra em Manaus, voltada à fabricação dos itens de maior valor agregado – ali, cerca de 35% da estrutura de custo dos produtos corresponde a peças importadas.

O presidente da Caloi afirmou ainda que a empresa apresentará, ainda neste ano, um protótipo de bicicleta elétrica, embora não acredite na viabilidade econômica do produto no curto prazo.

(Stella Fontes | Valor)

 

 

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