Camargo Corrêa leva contrato de US$ 2,2 bilhões na Venezuela
SÃO PAULO – A Camargo Corrêa fechou um contrato recorde com o governo da Venezuela para a construção de um conjunto de obras de saneamento na bacia do Rio Tuy, região próxima a Caracas, para atender uma população de 5 milhões de pessoas. O valor total dos empreendimentos, abrangendo estações de tratamento de água, esgoto e projetos de irrigação, deve atingir US$ 2,2 bilhões.
Trata-se do maior contrato assinado pela Camargo Corrêa com o governo de Caracas. Nos anos 70, a empresa participou da construção da hidrelétrica de Guri, terceira maior usina do mundo, com 10 mil MW de potência instalada, e não teve contratos relevantes até 2005, quando participou de um contrato para reconstrução de uma barragem destinada a fornecimento de água no litoral venezuelano.
A situação da Camargo na Venezuela começou a melhorar ano passado, quando a empresa obteve um contrato de US$ 500 milhões também na área de saneamento, para o chamado projeto Tuy IV, uma grande obra destinada ao fornecimento de água para Caracas. Segundo José Cesar Gazoni, diretor comercial internacional da construtora, a capital venezuelana sofre de problemas crônicos de abastecimento de água: fica a 700 metros de altitude, e precisa captar de fontes situadas ao nível do mar. A obra, prevista para operar em 2012, deve abastecer a capital levando água por 140 km usando tubos de três metros de diâmetro – o bombeamento deverá consumir 130 MW, o equivalente à produção de uma hidrelétrica de médio porte.
O novo negócio fechado pela empresa, quatro vezes maior, é uma espécie de contrato guarda-chuva, abrigando uma série de projetos às margens do Rio Tuy. Conhecido na Venezuela como um rio deteriorado, o Tuy ganhará obras de tratamento de esgoto que possibilitam novos empreendimentos para consumo e irrigação.
O contrato foi assinado com a Companhia. Hidrológica de Venezuela, holding de companhias de saneamento, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. O plano é desenvolver os projetos de engenharia em sequência, negociando os contratos de construção caso-a-caso – mas só no preço. Segundo o executivo da Camargo, há a garantia de que todo o pacote de obras do chamado "projeto de saneamento integral da bacia do Rio Tuy" serão executadas pela empreiteira.
Uma das exigências do governo venezuelano para o projeto foi a entrada de dinheiro brasileiro, via BNDES – operação já corriqueira para o banco na América Latina. O BNDES deve entrar com 60% da obra – cerca de US$ 1,3 bilhão – e o governo venezuelano com o restante. A obra, a terceira da Camargo na área de saneamento no país, foi feita sem concorrência, em negociação direta com o governo de Hugo Chávez. "Encontramos um ótimo cliente na Venezuela", diz José Cesar Gazoni, referindo-se ao Ministério do Ambiente.
Contrariando relatos de inadimplência do governo venezuelano com contratos de infraestrutura devido à crise internacional de 2008 – e seu impacto no mercado de petróleo -, o executivo diz que o país é um ótimo pagador. A relação dívida sobre o PIB do governo é de 20%, menos de metade da brasileira, e a operação da Camargo no país está com as contas em dia, diz ele. No projeto de Tuy IV, dos US$ 500 milhões contratados, já foram liberados US$ 120 milhões. "As faturas estão rigorosamente em dia", afirma o executivo.
Mesmo com o contrato bilionário, a Camargo ainda fica longe da carteira da rival Odebrecht na Venezuela, estimada em até US$ 6 bilhões, com obras como a terceira ponte do Rio Orinoco, a central hidrelétrica Tocoma e linhas de metrô em duas cidades.
(Fernando Teixeira | Valor)
Comments (4)
desejo trabalhar com vocês tenho experiencia em varias áreas como faço para entrar em contato com vocês?
Olá Roberto, obrigada pelo interesse!
Acompanhe nossas vagas em nosso linkedin
Estamos à disposição
desejo trabalhar com vocês tenho experiencia em varias áreas como faço para entrar em contato com vocês?
Olá Roberto, obrigada pelo interesse!
Acompanhe nossas vagas em nosso linkedin
Estamos à disposição
Comments are closed.