Camil vende participação a fundo gerido pela Gávea

A brasileira Camil Alimentos, maior indústria de beneficiamento de arroz e feijão da América Latina, anunciou ontem a venda de uma participação correspondente a 31,75% de seu capital social para um fundo de private equity gerido pela Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

O valor e os termos da negociação não foram divulgados pelas partes. Procuradas pela reportagem do Valor, Camil e Gávea não quiseram se manifestar.

Fundada em 1963 como uma cooperativa agrícola na cidade gaúcha de Itaquira, a Camil tornou-se uma sociedade anônima em 1996. Há quatro anos, a empresa deu início a um agressivo plano de expansão via aquisições no Brasil e no exterior.

O primeiro e maior passo foi dado em 2007, com a compra da concorrente uruguaia Saman por cerca de US$ 160 milhões. O investimento transformou a Camil na maior processadora de arroz da América do Sul, com capacidade para beneficiar mais de 1,3 milhão de toneladas do cereal.

A empresa presidida por Luciano Quartiero adquiriu ainda a Tucapel, líder em beneficiamento de arroz no Chile, em 2009. Neste ano, a empresa comprou a Compañia de Alimentos da América (Cada), líder em vendas de arroz e leguminosas como feijão e ervilhas no Peru, e entrou no segmento de pescados em conserva, com a aquisição da catarinense Femepe, dona das marcas Alcyon e Pescador.

O movimento mais recente foi realizado na última quinta-feira,, com o anúncio da compra da marca de pescados Coqueiro, pertencente à americana PepsiCo, também por valor não revelado. Com todos os investimentos, o faturamento da Camil mais que dobrou desde 2007, de R$ 500 milhões para R$ 1,2 bilhão no ano passado. Para 2011, a empresa prevê um volume de vendas de R$ 1,8 bilhão.

A entrada da Gávea Investimentos, que administra um patrimônio de mais de R$ 13 bilhões, sugere que a Camil pode demorar um tempo maior para concretizar o plano de abrir seu capital na bolsa. Em fevereiro deste ano, a empresa protocolou na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) um pedido para realizar uma oferta inicial de ações na BM&FBovespa. No entanto, a empresa decidiu abandonar o processo em agosto passada, influenciada pelo mau momento do mercado de capitais.

(Gerson Freitas Jr. | Valor)

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