Carlyle tem US$ 1,5 bi para investir em negócios na América do Sul

A aquisição da operadora de viagens CVC pelo Carlyle marca apenas o início de uma série de negócios que a gestora de fundos de private equity fará no Brasil. Com mais de US$ 85 bilhões de ativos no mundo, o Carlyle pretende investir entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão em cerca de dez empresas da América do Sul nos próximos cinco anos. E a maior parte desses recursos será destinada ao Brasil.

"Fazia todo o sentido investirmos no Brasil. É nos países emergentes que estão as oportunidades para a indústria de private equity agora e já estávamos na China há 12 anos. Por que não trazer recursos para cá?", afirma Fernando Borges, diretor para a América do Sul do Carlyle.

Depois de fazer um desembolso de R$ 700 milhões na CVC, Borges e mais uma equipe de seis pessoas estão à procura de empresas com negócios ligados ao consumo, nas áreas de varejo, educação e serviços financeiros no Brasil. "São os setores que mais vão se beneficiar da melhoria de renda do brasileiros nos próximos anos", diz o executivo, que já comandou os aportes que os fundos da AIG Capital fizeram no Brasil, como na companhia aérea Gol.

Esses investimentos no setor de consumo serão feitos por meio do fundo Carlyle South America Buyout Fund I, criado recentemente para fazer aquisições apenas no Brasil e nos países vizinhos.

Porém, de acordo com Daniel Sterenberg, vice-presidente do Carlyle no Brasil, isso não impede que outros fundos também façam desembolsos no Brasil. Na CVC, por exemplo, o aporte foi feito em conjunto com o Carlyle Partners V, principal fundo da gestora, com US$ 13,5 bilhões em ativos. Além disso, não é descartada a vinda de fundos ligados a infraestrutura e logística, áreas que despertam o interesse do Carlyle no país.

Se os veículos de investimento podem variar, o mesmo não pode ser dito sobre a parcela que os fundos vão adquirir nas empresas. Borges afirma que a gestora sempre buscará assumir o controle dos negócios, mantendo o padrão das aquisições feitas no mundo inteiro. No caso da CVC, os dois fundos ficaram com 63,6% da empresa.

O aporte na CVC não é exatamente o primeiro do Carlyle no Brasil. Em 2008, a gestora chegou para investir US$ 500 milhões em projetos imobiliários no país e no México por meio do Carlyle Latin America Real Estate. Mas, em setembro do ano passado, depois de fazer dois investimentos no Brasil, a operação foi encerrada.

"Vimos que a forma como investimos, em conjunto com o México, não era a melhor. Além disso, era um momento de crise", afirma Borges. Segundo ele, o Carlyle pode voltar a fazer aquisições nesse setor. "Mas temos preferência pela área de consumo", diz.

(Carolina Mandl e Alberto Komatsu – Valor Econômico)

 

 

 

 

 

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