Carteiras de renda fixa atraem R$ 2,2 bilhões

Com o tombo de mais de dois dígitos do Índice Bovespa este ano e o desempenho pífio dos multimercados, em meio a um ambiente externo para lá de incerto, a palavra de ordem dos investidores têm sido proteção.
Na semana passada, por exemplo, as carteiras de renda fixa amealharam R$ 2,218 bilhões, 44,6% de toda a captação líquida – aportes menos resgates – do setor no período (R$ 4,972 bilhões). Em seguida, aparecem os fundos DI, com atração de R$ 1,387 bilhão. Os dados são da Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Com o resultado da semana passada, os fundos de renda fixa já acumulam captação líquida de R$ 6,08 bilhões no mês, até o dia 22, seguidos pelos referenciados DI (R$ 4,675 bilhões) e pela categoria curto prazo (R$ 3,66 bilhões).

Os fundos mais conservadores tendem a atrair mais recursos em momentos de incerteza e alta dos juros domésticos do que os ativos de risco, como ações. Os fundos DI, por exemplo, acompanham a variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, juro interbancário) – que, por sua vez, segue de perto a taxa básica de juros da economia (Selic). Toda vez que o Banco Central (BC) eleva a Selic, como na semana passada, quando subiu a taxa para 12,50%, os fundos DI se tornam mais atraentes.

E quanto mais gorda é a rentabilidade oferecida pelas carteiras conservadoras, que aplicam predominantemente em papéis públicos, menos estímulo o investidor tem para correr o risco de tentar obter retornos maiores aplicando em ações ou fundos multimercados. Apenas na semana passada, por exemplo, as carteiras de ações sofreram resgates líquidos de R$ 198,43 milhões, levando as saídas no mês a R$ 512 milhões, período em que o Ibovespa cai 3,42%. No acumulado do ano, as perdas dos fundos de ações já atingem R$ 2,33 bilhões.

Além da novela da dívida soberana na Europa e da ameaça de desaceleração da economia chinesa, nas últimas semanas o mercado doméstico tem sido afetado pelo impasse em torno da elevação do limite do endividamento público dos Estados Unidos, cuja consequência poderia ser o calote da dívida americana.

Na mesma toada que as carteiras de ações, os fundos multimercados amargaram perdas de R$ 279,93 milhões na semana passada. No mês, até o dia 22, os saques atingem R$ 2,581 bilhões. A rentabilidade média da categoria é decepcionante. Das seis modalidades de multimercados acompanhadas pela Anbima, apenas uma (juros e moedas) supera a variação do CDI em julho, de 073%.

No acumulado do ano, o setor de fundos mostra captação líquida de R$ 65,17 bilhões, com liderança absoluta dos fundos de renda fixa, que já atraíram R$ 55,672 bilhões. O patrimônio líquido total doméstico do setor (sem contar os fundos offshore) atinge R$ 1,770 trilhão.

(Valor)

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