CCE vai abrir fábrica de LCD em Manaus

SÃO PAULO – A fabricante de eletroeletrônicos CCE vai montar uma fábrica de telas de cristal líquido (LCD) no Brasil. A estrutura será erguida em Manaus, onde a companhia já concentra seu parque fabril. Até hoje, a CCE só importava as telas prontas de países asiáticos, modelo seguido pela maioria das companhias locais de eletroeletrônicos.

O investimento total na operação, conforme apurou o Valor, é de R$ 50 milhões. Desse montante, cerca de R$ 30 milhões serão investidos no primeiro ano da operação e os demais R$ 20 milhões nos dois anos seguintes. A nova fábrica envolverá a contratação de 150 funcionários diretos. A meta da companhia é que o volume de produção atinja 300 mil unidades de telas no primeiro ano, saltando para 500 mil unidades no terceiro ano.

As informações foram confirmadas pelo diretor de projetos do grupo CCE, Rogério Fleury. "Não temos mais por que ficar trazendo plásticos, peças e outras coisas montadas da China", disse. "Nossa ideia sempre foi a de produzir o máximo possível de componentes no Brasil, e agora damos mais um passo nesse caminho."

A expectativa da CCE, segundo Fleury, é de que a fábrica esteja em funcionamento até o último trimestre deste ano. Uma das etapas mais caras da construção é a chamada "sala limpa", local onde a tela de LCD é manuseada e, por essa razão, é preparada para ficar livre de qualquer tipo de impureza. "Com a fabricação dos painéis de LCD vamos melhorar nossa condição para competir com as multinacionais e aproveitaremos a estrutura de produção de outros componentes que já temos em Manaus", comentou Fleury.

De início, a fabricação das telas será destinada à montagem de TVs de tela fina. Numa segunda etapa, a CCE pretende estender a produção para monitores de micros de mesa e telas de notebooks.

Com 4,2 mil funcionários, dos quais 80% estão em Manaus e 20% em sua sede administrativa, em São Paulo, a CCE já fabrica uma série de componentes no país, como placa-mãe, memória, gabinete, placa de vídeo, entre outros. A produção do LCD, que ficará a cargo da Digiboard, braço de informática da CCE, envolverá etapas como montagem e soldagem de componentes, montagem de partes elétricas e mecânicas, além do ajuste e calibração dos aparelhos.

Com mais de 40 anos de atuação no mercado de eletrônicos, a brasileira CCE é praticamente uma novata no mercado de informática. Sua estreia no setor tem menos de quatro anos, mas os resultados têm estimulado a companhia. Além da atuação no varejo, tem conquistado espaço no setor público. No ano passado, venceu a licitação de R$ 82 milhões do Ministério da Educação, para entrega de 150 mil laptops escolares.

O interesse pelo mercado de TVs de LCD não é casual. Em março, pela primeira vez, as telas de cristal líquido representaram mais da metade das unidade de TVs compradas pelo consumidor. Entre todos os modelos, 54,5% eram equipamentos de LCD, segundo dados da empresa de pesquisas GfK. No primeiro trimestre do ano, os fabricantes venderam 1,2 milhão de TVs de LCD, um aumento de 66% sobre o mesmo período de 2009. O faturamento com esses equipamentos atingiu R$ 2,4 bilhões no trimestre, uma alta de 70% em relação ao período anterior. Ao longo de 2009, o mercado de LCD movimentou 3,2 milhões de peças, num total de R$ 6,4 bilhões.

(André Borges | Valor)

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