CCP reforça aposta em shoppings e aplica mais R$ 650 milhões

As ações da Cyrela Commercial Properties (CCP) têm pouca liquidez na bolsa. Os seus papéis foram negociados pela última vez há uma semana. Ainda assim, a empresa do grupo Cyrela voltada ao mercado imobiliário comercial, que envolve edifícios corporativos, shopping centers, galpões e centros de distribuição, tem demonstrado muito mais fôlego que a principal companhia do grupo, a incorporadora Cyrela Brasil Realty. Essa última registrou queda de 29% no valor das ações no acumulado dos seus últimos 12 meses, período em que os papéis da CCP subiram 13%.

Enquanto o mercado tenta entender os motivos que levaram a incorporadora à redução das suas estimativas de vendas e lançamentos para este ano e o próximo, a CCP faz questão de reforçar seu interesse no mercado de shoppings. Hoje, a empresa, criada em 2007 a partir de um spin-off (separação), da Cyrela tem apenas dois empreendimentos – o Shopping D, em São Paulo, e o Grand Plaza Shopping, na região do ABC paulista -, mas os planos para este mercado são ambiciosos. O segmento de shopping centers representou 17% da receita da CCP no ano passado. A meta da empresa é fazer essa participação dobrar dentro de três anos, podendo chegar até a 40% do faturamento total.

"Estamos investindo R$ 650 milhões em seis projetos, que ao todo somam R$ 1,2 bilhão", diz o diretor da CCP, José Roberto Voso. Participam dos investimentos os fundos GIC, fundo soberano de Cingapura, e o Canadian Pension Plan (CPP). Os projetos, que devem estar concluídos até o fim de 2014, envolvem uma expansão, a do Gran Plaza, que vai ganhar 11 mil metros2 de área bruta locável (ABL), chegando a 74 mil metros 2, além de cinco novos shoppings.

Três dos novos empreendimentos estão fora do mercado paulista e devem ser inaugurados no próximo ano. Com a BR Malls, a CCP investiu em Minas Gerais no Shopping Estação BH, que terá 36 mil metros 2 de ABL. A previsão de entrega do empreendimento na estação de metrô Vilarinho, na capital mineira, é abril de 2012. No Pará, se uniu à Aliansce para lançar o Parque Shopping Belém, no qual detém 25% de participação. Com uma ABL de 32 mil metros 2, o centro de compras deve estar concluído na metade do ano que vem. A participação da CCP no projeto é 40%.

Já no Rio, o Shopping Metropolitano Barra deve ser entregue no fim de 2012. Com 44 mil metros 2 de ABL, o shopping já tem 60% do espaço locado, diz Voso. "O empreendimento vai se beneficiar da Olimpíada, por estar próximo da futura Vila Olímpica".

Em São Paulo, será lançado na próxima semana o Tietê Plaza Shopping (37 mil metros 2 de ABL), que deve ser inaugurado em abril de 2013. "Tem um público potencial de 1 milhão de pessoas no bairro de Pirituba [zona oeste da capital] que não é atendido por shopping", diz Voso.

Ainda na capital paulista, a empresa testa um novo formato, de shopping "regional", um intermediário entre grandes shoppings e os shoppings de bairro. O local escolhido é a Avenida Paulista, um dos endereços mais valorizados da capital, que irá sediar o Shopping Cidade de São Paulo. Com 17,5 mil metros 2, o empreendimento ocupa um antigo terreno da família Matarazzo e deve ser inaugurado em outubro de 2014.

Na opinião de Luís Augusto Idelfonso da Silva, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), a aposta em empreendimentos regionais faz todo o sentido. "Especialmente nas grandes capitais, é preciso passar um pente fino nos bairros e identificar espaços pouco explorados, para até 200 lojas, mas de grande potencial de consumo", diz ele, dando como exemplo o Shopping Pátio Higienópolis, da Brookfield.

Segundo a CCP, na região da Paulista, existe um público potencial de 900 mil pessoas na região do futuro empreendimento, onde até recentemente havia um estacionamento.

(Daniele Madureira | Valor)

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