CEVA planeja investimento no mercado brasileiro

Na semana em que sua empresa divulgou números de queda no faturamento global do segundo trimestre – em comparação ao mesmo período do ano passado – o presidente da CEVA Logistics, John Pattullo, desembarcou no Brasil para uma série de reuniões com clientes. Hoje, o país é estratégico para a empresa, sendo o sexto maior gerador de receita. "Acredito que, em poucos anos, conseguiremos elevar o Brasil para o quarto lugar entre os melhores mercados" – diz ele, que planeja investimentos para crescer no país, principalmente em contratações de pessoal.

Depois de testemunhar aumento no faturamento anual em todo o mundo de 2006 a 2010 – a exceção ocorreu em 2009, ano de crise mundial -, a CEVA anunciou o primeiro recuo de faturamento no ano – de 1,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Para Pattullo, ainda é cedo para saber se a queda nos números da quarta maior empresa global de logística, presente em 170 países, é devida a uma retração da economia mundial – e por isso descarta, por enquanto, qualquer tipo de reposicionamento no mercado global devido ao atual cenário econômico.

Mesmo assim, ele já dá pistas de que a lista de maiores fontes de faturamento da empresa está se modificando. Acima do Brasil, em ordem de faturamento, estão atualmente os Estados Unidos (maior gerador de receitas), seguidos por China, Reino Unido, Itália e Tailândia. Segundo o presidente, há possibilidade de o Brasil render nos próximos anos um faturamento superior ao da Itália – que passa por uma crise fiscal. Atualmente, o Brasil representa de 5% a 10% na receita global da companhia – que em 2010 chegou a € 6,84 bilhões (ou cerca de R$ 15 bilhões).

Para crescer no Brasil, a empresa "importou" nos últimos anos uma estratégia já executada em outras regiões: focar menos em prospecção de novos clientes e direcionar as atenções aos principais. "Queremos nos concentrar em nossos cem melhores clientes e oferecer todo o serviço de logística a eles, o chamado one-stop-shop", explica. Entre as cem melhores contas da empresa (as "century accounts", como diz Pattullo), estão representantes do setor automotivo (como GM, Fiat, Chrysler e Ford), tecnologia (Lenovo), energia (Cameron) e saúde (Medtronics).

Além de focar as atenções nos melhores clientes, a empresa quer cortar custos no Brasil. Conforme Pattullo, no entanto, os investimentos em profissionais serão mantidos. Já foi aprovado um investimento de € 3 milhões (R$ 6,8 milhões) até 2013 para contratações. "O número será bem maior que isso, certamente, tanto em outras áreas como em recursos humanos. Mão de obra representa uma grande parte dos custos em todo o mundo e isso não é diferente por aqui."

As três Américas representam a maior fatia das receitas, com € 2,07 bilhões. Em seguida, vêm Ásia (€ 1,65 bilhão), sul da Europa (€ 1,55 bilhão) e a região formada por Oriente Médio, norte da Europa e África (€ 1,24 bilhão). Embora a indústria represente a maior parte das receitas, a CEVA tem entre seus clientes no Brasil empresas dos setores automotivo e pneus, tecnologia, indústria de base e máquinas, energia, além de varejo e bens de consumo. A companhia foi criada em 1984, pela junção da TNT e da EGL.

(Fábio Pupo l Valor)

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