Chinesa Wuhan desiste de siderúrgica com EBX no Brasil

A Wuhan Iron & Steel, quarta maior produtora de aço da China, desistiu do plano de construir uma siderúrgica de 5 bilhões de dólares no Brasil em joint-venture com o grupo EBX, após uma série de estudos de viabilidade ter concluído que o risco era muito alto, publicou nesta terça-feira o 21st Century Business Herald.

Citando duas fontes não identificadas, o jornal afirma que problemas de logística, transporte e fornecimento de carvão de coque eram os principais motivos da decisão.

A siderúrgica, que seria instalada na zona industrial do porto de Açu, que está sendo erguido pela LLX no Rio de Janeiro, exigiria a construção de uma ferrovia de 300 quilômetros para transportar matéria-prima para a usina.

Procurada no Brasil, a EBX não pode comentar o assunto de imediato.

“O custo da construção de uma ferrovia tão longa é muito alto e aumentou muito o valor total do projeto”, disse uma das fontes ao jornal.

A divulgação do abandono dos planos da Wuhan acontece em um momento em que o grupo alemão ThyssenKrupp estuda opções para a Companhia Siderúrgica do Atlântico, usina recém construída no Rio de Janeiro que passou por estouros de orçamento e cronograma e problemas ambientais.

A possível desistência também ocorre em um dos piores momentos da indústria de produção de aços planos no Brasil, em meio ao excesso de oferta internacional, custos elevados e lentidão do mercado interno. No final de junho, o Instituto Aço Brasil (IABr) reduziu sua previsão de produção de siderúrgicas do país em 2012, de 37,5 milhões para 36 milhões de toneladas.

A Wuhan fez vários estudos de viabilidade nos últimos três anos e concluiu todas as vezes que havia muitos riscos, que poderiam fazer os custos dispararem.

A siderúrgica, com capacidade para 5 milhões de toneladas por ano, seria o maior investimento da China no Brasil e a maior siderúrgica do país no exterior. O cronograma inicial previa início de produção em 2012.

O projeto era uma joint-venture da Wuhan com o grupo EBX, do empresário Eike Batista. O grupo chinês teria uma participação de 70 por cento.

As siderúrgicas da China, maior produtor mundial de aço, têm tentado expandir suas operações de manufatura no exterior, mas os esforços têm obtido pouco sucesso.

Em 2003, uma das maiores siderúrgicas chinesas, a Baosteel começou a negociar com a Vale para a construção conjunta de uma usina no Brasil. Embora tenham chegado a um acordo em 2007 para levantar a unidade no Espírito Santo, a crise global financeira obrigou as empresas a cancelarem o projeto.

Outras siderúrgicas chinesas, como a Jinan e a Tangshan, também fracassaram em seus planos para o exterior, segundo a imprensa local.

(Reuters)

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