Cidades médias de SC atraem shoppings

Quatro novos shopping centers estão em construção em Santa Catarina, um dos ritmos mais fortes já vistos neste ramo no Estado. Os novos empreendimentos escolheram, principalmente, cidades médias como uma nova fronteira de expansão e vem sendo tocados, na sua maioria, por investidores que estão estreando no ramo.
 
Os novos shoppings somam investimentos de R$ 590 milhões e vão incrementar um índice ainda relativamente baixo em termos de região Sul. Santa Catarina tem 21 shoppings em operação, o menor patamar entre os três Estados do Sul, de acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). No Rio Grande do Sul há 32 e no Paraná, 27.
 
Dois dos novos centros de compras serão em Lages – Shopping Pátio Lages e Boulevard Lages -, um em Criciúma (Shopping das Nações), e um quarto está em construção na cidade de São José, na Grande Florianópolis, chamado de Continente Park Shopping.
 
Sérgio Waldrich, ex-presidente da Bunge Alimentos, é um dos novos nomes que decidiram se lançar no segmento. Em parceria com o ex-deputado estadual pelo PSDB, Giancarlo Tomelin, ele pretende construir o Shopping das Nações, em Criciúma, uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, onde há apenas um shopping de pequeno porte, e na qual há 20 anos não há novas construções deste tipo.
 
"Há uma carência de um shopping moderno na região. E Criciúma é uma cidade-polo, atrai pessoas de Cocal do Sul, Forquilhinha, Araranguá, entre outros municípios menores", diz Waldrich, que conheceu bem a região nos tempos em que visitava as atividades da Seara Alimentos.

As cidades do interior do Estado vêm chamando a atenção dos investidores porque além de uma oferta maior de terrenos a preços mais baixos e disponibilidade de grandes áreas em comparação com as grandes cidades, há pouca concorrência. Em alguns municípios, ainda não há shoppings. Em Santa Catarina, cidades entre 150 mil e 200 mil habitantes (que seriam pequenas em população para diversos outros Estados) funcionam como cidades-polo na região onde estão localizadas, sendo área de atração de pessoas de diversos pequenos municípios vizinhos do entorno, em busca de serviços de saúde, aeroporto, melhores oportunidades de emprego e comércio. Para os shoppings, a vantagem é que os investimentos se tornam uma referência não só da cidade, mas da região como um todo.
 
"Vamos atender a uma população de cerca de 650 mil pessoas", diz Antônio Wiggers, diretor do Boulevard Lages, apesar de o empreendimento estar numa cidade com só 170 mil habitantes. Segundo ele, o raio de ação abrange a serra catarinense, além de municípios no noroeste do Rio Grande do Sul e de quem transita entre o litoral catarinense e a Argentina.
 
O Boulevard foi lançado por quatro amigos de Lages – são dois do ramo metalúrgico, um do ramo imobiliário e outro da área de tecnologia — que pretendem investir R$ 120 milhões numa cidade em que ainda não há shopping. Segundo Wiggers, o grupo começou somente com investidores da cidade, mas hoje são 8 investidores, com sócios de fora e há negociações para a entrada de uma administradora que será também sócia. O Boulevard Lages está previsto para ser aberto em março de 2013.
 
Lages deve se transformar numa arena de disputa por consumidores porque outros investidores estão dando início à construção de um concorrente, o Shopping Pátio Lages. João César Pellin e Valdir Della Giustina, donos do centro de eventos Centroserra, decidiram investir R$ 70 milhões no empreendimento, que será anexo ao centro de eventos. Eles começaram as pesquisas há cinco anos e fecharam contratos com outros sócios com expertise no ramo, como a AD Shopping, que será administradora do local, cuja previsão é de inauguração também em 2013.
 
Na avaliação de Pellin, as cidades entre 150 mil e 200 mil habitantes agora atraem recursos por conta da grande concorrência existente em praças maiores. "Cidades com um tamanho maior e sem shopping virou algo raro". Mas perguntado se a pequena Lages comportaria dois shoppings, ele respondeu que as pesquisas de mercado indicaram a viabilidade de apenas um empreendimento.
 
Concorrências em Lages à parte, o grupo Westfield Almeida Jr (uma associação feita no ano passado entre a australiana Westfield e a catarinense Almeida Jr), que já possui diversos shoppings na região, está investindo R$ 250 milhões no Continente Park, em São José. Este deverá ser o maior shopping catarinense em área física, com 113 mil de área construída e 44 mil m2 de área bruta locável (ABL). A cidade tem cerca de 200 mil habitantes, mas o foco do grupo é atrair parte da população de cerca de 1,5 milhão de pessoas que vivem na Grande Florianópolis.
 
Os quatro investimentos representam o avanço da tendência de interiorização dos shoppings no Estado. Em outubro, foi inaugurado o Shopping Pátio Chapecó, no oeste catarinense. O centro de compras também foi uma iniciativa de investidores locais, numa cidade média que serve de polo para uma região conhecida, principalmente, pelo agronegócio.

(Vanessa Jurgenfeld | Valor)

 

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