Com BTG, Tok&Stok busca comprador

O comando da rede de móveis e acessórios para casa Tok&Stok busca novos rumos para o negócio. A companhia contratou o banco BTG Pactual para buscar compradores, segundo fontes próximas à empresa.

Há dois anos, o casal Regis Dubrule e Ghislaine Dubrule, empresários que fundaram a empresa em 1978, passou a discutir a possibilidade de abrir o capital do grupo. Esse movimento criaria espaço, futuramente, para os dois controladores saírem do negócio com a venda da totalidade das ações a potenciais interessados. Com a volatilidade dos mercados em 2010 e a crise no exterior ganhando força neste ano, cresceu dentro da empresa a hipótese de venda do negócio, sem passar por uma oferta inicial de ações (IPO). É essa questão que está na mesa neste momento.

O valor da empresa gira em torno de R$ 800 milhões, mesmo patamar do faturamento das 34 lojas. O casal de controladores com mais de 60 anos (Regis tem 62 e Ghislaine, 61) tem um dos filhos, Paul Dubrule, à frente do negócio. Amigos próximos da família contam que os dois fundadores tinham plano antigo de sair da operação ao completar 60 anos de idade.

Procurada, a empresa se manifestou por meio de nota. "Sempre há especulações desse tipo [venda do negócio]. Não temos nada a comentar a respeito", informou Paul Dubrule, gerente de expansão da Tok&Stok. O BTG Pactual não comenta a informação.

Pelo quadro atual do varejo de móveis e objetos de decoração, a dificuldade pode ser localizar compradores com interesse ou recursos disponíveis. A rede Etna, concorrente da Tok&Stok, que poderia ser vista como compradora, teria dificuldades de caixa para fazer uma operação desse tipo.

A Etna soma 14 lojas no país e há informações no setor de que a varejista busca sócios investidores para fazer uma capitalização no negócio. A companhia, controlada pelo empresário Nelson Kaufman, não confirma. De acordo com uma fonte próxima à Etna, a direção da rede de varejo tem prospectado uma injeção de capital no negócio desde o ano passado.

Além dessas informações que circulam no mercado, ainda há uma questão pessoal que poderia atrapalhar uma negociação entre as duas empresas.

A relação entre os fundadores da Tok&Stok e da Etna não seria das mais amigáveis. "Eles não se falam", diz um executivo ligado à Tok&Stok. "Regis prefere vender para alguém lá fora, que ele nem conhece, a deixar na mão do Nelson [ Kaufman, sono da Etna]".

Quando a Etna abriu a primeira loja no Brasil em 2004, os dois se estranharam em um episódio que se tornou público. Dubrule teria enviado uma carta para Kaufman reclamando da forma antiética, na visão da Tok&Stok, pela qual a Etna havia entrado no mercado. Dubrule dizia que a Etna estava tirando muitos funcionários da Tok&Stok e também que havia procurado os seus fornecedores.

Fora do país, um possível interessado na Tok&Stok seria a sueca Ikea, uma das maiores empresas de móveis e decoração do mundo. A sua direção já declarou que considera o Brasil um país com alto potencial de consumo, mas o mercado não é prioridade para a companhia. Uma das principais razões seria o elevado imposto de importação de produtos no Brasil.

Com €23,1 bilhões de faturamento em 2010 e quase 8% de crescimento no mundo em 2010, a Ikea tem 1,3 mil fornecedores em mais de 50 países no mundo. A base de seu sucesso está em oferecer peças com design por preços baixos – e isso é possível em regiões com baixo custo de operação.

Há dois anos, a Tok&Stok enfrentou uma situação delicada. A empresa entrou na Justiça em 2009 com uma ação contra o Itaú BBA por conta de perdas com contratos de derivativos cambiais que poderia chegar a R$ 55 milhões. O banco se defendeu da acusação. As partes não comentam o assunto e não há informações de uma acordo entre as partes.

(Adriana Mattos e Ana Paula Ragazzi | Valor)

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