Com a compra da Frefer, Klökcner entra firme no país

A maior distribuidora independente de aço do mundo, que acaba de entrar no Brasil com a compra do controle da Frefer Metal Plus, tem planos ambiciosos de crescimento. "Em três a cinco anos pretendemos triplicar o volume e a receita de vendas da Frefer", disse ao Valor o principal executivo e diretor-financeiro do grupo europeu Klökcner & Co SE, Gisbert Rühl. Ele esteve no país na semana passada em visita de dois dias para tratar da estratégia de negócio da nova aquisição.

A Klöckner, uma centenária empresa fundada em Duisburg, na Alemanha, onde está sediada até hoje, faturou € 5,2 bilhões no ano passado. Com operações em 15 países, movimentou 5,3 milhões de toneladas. O Brasil é a primeira operação nos mercados emergentes. Até 2010, a empresa se concentrava na Europa, responsável por 83% das vendas, e EUA, com 17%.

"Estamos absolutamente convencidos de que tomamos a decisão certa de vir para o Brasil", afirmou Rühl. Segundo o executivo, o país é um mercado em crescimento, onde há muito por fazer em infraestrutura, na construção civil e na área industrial e com dois grandes eventos – Copa do Mundo e Olimpíada – pela frente. Para ele, Europa e EUA são mercados maduros e com retorno aos patamares de antes da crise de 2008 somente a partir de 2013.

Na China, a Klöckner tem apenas uma pequena operação, montada a partir do zero. "Rússia e Índia são interessantes, mas ficam para o próximo passo de nosso plano estratégico traçado até 2020", disse. A meta da companhia era atingir entre 8 milhões e 10 milhões de toneladas até 2015 e triplicar de tamanho até o fim da década. "Isso foi acelerado com as aquisições da Macsteel, nos EUA, em abril, e da Frefer, neste mês. Já vamos alcançar 8 milhões em 2012", informou Rühl.

A força dos mercados emergentes vai balancear a distribuição da receita – a meta é sair de 3% em 2012 para 20% a 30% em 2020, baixando o peso da Europa para 40% a 60%. EUA, que passarão de 17% no ano passado para 30% em 2012, vão ficar estáveis nesse patamar.

No Brasil, a meta é se transformar no maior distribuidor independente, com vendas de 600 mil toneladas por ano e faturamento superior a R$ 1 bilhão em até cinco anos. Em 2010, a Frefer ficou na terceira posição entre distribuidores independentes de aços planos, não considerando a Gerdau, com 8,1% de fatia (212 mil toneladas) e faturamento de R$ 340 milhões.

O valor da aquisição da Frefer, numa operação que envolveu injeção de capital de R$ 80 milhões na empresa, não foi revelado. Estima-se em R$ 150 milhões por 70% do capital. Christiano Freire, filho do fundador da Frefer e até agora único dono, ficou com 30% e foi mantido como CEO.

A compra de Macsteel, por € 918 milhões, incluindo dívida de € 258 milhões, e Frefer vão adicionar € 1,15 bilhão em receitas a Klöckner. Com a Macsteel, mais a operação local, Namasco, a Klöckner dobra de tamanho no mercado americano.

Para Freire, a venda do controle ao grupo europeu foi importante porque traz fôlego financeiro à Frefer para poder crescer, além de expertise internacional na distribuição e centro de serviços. "A distribuição terá de ser muito profissionalizada para reduzir a volatilidade desse mercado".

Rühl vê grande chance de liderar o mercado dos independentes no país, pois a maioria das dezenas de empresas do segmento tem gestão familiar e é de médio e pequeno porte. Metade do total vendido por ano (4,4 milhões de toneladas) foi feita por coligadas de Usiminas, ArcelorMitta l , CSN e Gerdau.

A estratégia da Klöckner prevê compra de aço tanto no Brasil – a maior parte – quanto no exterior. "Temos acesso a diversas siderúrgicas no mundo", disse. Para a Frefer, com 14 sites de atendimento, Rühl desenha um plano de expansão com novos centros de distribuição e serviços no Nordeste e Sul. Com forte presença nos mercados da construção e automotivo, o grupo pretende atrair para sua carteira de clientes no Brasil grandes companhias européias e americanas.

(Ivo Ribeiro | Valor)

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