Competição global atrai investimento da Cast

A Cast Informática, empresa brasileira de serviços de tecnologia da informação (TI), decidiu seguir o caminho adotado pela Totvs para se tornar uma competidora global. A companhia traçou um plano de expansão para os próximos três anos que prevê aquisições e abertura de unidades no país e no exterior. Neste ano, a empresa investiu R$ 10 milhões em recursos próprios na instalação de uma subsidiária nos EUA e negocia financiamentos com bancos para levar adiante um projeto de investimento de R$ 60 milhões.

A meta da companhia, que encerrou 2010 com uma receita líquida de R$ 144 milhões, é acelerar seu processo de crescimento, para se tornar, até 2013, uma das cinco maiores empresas de serviços de TI no país. A Cast compete em um mercado que faturou R$ 21,1 bilhões no Brasil no ano passado e cresceu 9%, segundo dados da IDC. Neste ano, o mercado crescerá dois dígitos, segundo a consultoria.

"Precisamos crescer três vezes mais que o mercado para nos tornarmos uma das cinco maiores até 2013", diz José Calazans da Rocha, presidente e fundador da Cast. Na década de 2000, a empresa cresceu de 14% a 18% ao ano. Para o período de 2011 a 2013, o plano é expandir as vendas em 30% ao ano.

O primeiro passo foi dado neste ano, com a inauguração de um escritório em Delaware, nos Estados Unidos, com 30 pessoas, para atender a clientes de sua carteira no Brasil, os quais mantêm operações no exterior, como Banco do Brasil, Scania e Novartis. A subsidiária consumiu investimento próprio de R$ 10 milhões. A meta, diz Calazans, é chegar em 2018 com 20% da receita originada do exterior. Atualmente, o mercado externo representa 2% do seu faturamento.

O outro investimento, de R$ 60 milhões, será feito com recursos próprios e financiamento. A companhia negocia a obtenção de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da BNDESPar – braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. "Também estamos negociando financiamento com bancos privados ou a entrada de um sócio minoritário, que seria um fundo de investimento", diz.

Segundo Calazans, a Cast opera sem endividamento de longo prazo e com uma margem de Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) projetada para 2011 de 20%. O Ebitda é um indicador financeiro usado como parâmetro para avaliar a capacidade de geração de caixa de uma empresa apenas exercendo sua atividade fim.

O plano da Cast contempla a aquisição de uma empresa de pequeno porte nos Estados Unidos, para dar fôlego às operações da subsidiária. Também está prevista a abertura de um centro de desenvolvimento de software e serviços. Atualmente, a empresa tem uma unidade de desenvolvimento de softwares em Araraquara (SP).

No Brasil, a Cast abriu filiais no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Florianópolis. Está prevista para este ano a instalação de uma unidade em Fortaleza para atender ao mercado do Nordeste.

Fundada há 21 anos, em Brasília, a Cast nasceu como fornecedora de mainframe (grandes computadores centrais com alto poder de processamento) para governos. Mas, com o tempo, passou a fornecer software e prestar serviços em áreas como gestão de conteúdo empresarial (ECM, na sigla em inglês), sistemas integrados de inteligência (BI), terceirização de processos de negócios (BPO) e gestão de processos de negócios (BPM).

A partir de 2004, a Cast passou a enfrentar forte concorrência de companhias indianas que se instalaram no país – Tata Consultancy Services (TCS), Wipro, Mahindra Satyam e HCL Technologies.

Em 2008, a companhia contratou o Instituto Análise para desenvolver uma estratégia de longo prazo. "A empresa era muito focada em governos e precisava de mudanças", afirma Calazans. A Cast reestruturou as áreas de negócios para atender também aos setores de finanças, indústria e serviços.

No início de 2010, diz Calazans, 70% da receita era obtida com oferta de serviços para governos. Atualmente, as vendas para esse segmento representam 51% do faturamento. Para os próximos anos, as vendas para o mercado empresarial devem superar a receita obtida com serviços para os governos. Só as vendas para o mercado financeiro devem crescer 50% neste ano.

(Cibelle Bouças | Valor)

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