Consultoria espera nova onda de consolidação no segmento

Com dívidas totais que chegam a R$ 42 bilhões, valor equivalente a seu Produto Interno Bruto (PIB), e metade das usinas com algum problema de fluxo de caixa, o segmento sucroalcooleiro do país certamente terá pela frente uma nova rodada de fusões e aquisições, segundo diagnóstico de Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting.
 
"A consolidação vai ocorrer assim que a crise econômica europeia der uma esfriada, porque agora os possíveis compradores estão muito receosos para fazer qualquer aquisição", afirma o consultor. No entanto, as futuras negociações não chegarão nem perto dos preços praticados em 2007, quando 25 operações entre usinas foram realizadas, 18 delas envolvendo empresas estrangeiras como a americana Bunge, as francesas Louis Dreyfus e Tereos e a espanhola Abengoa. Naquela rodada, o preço médio pago por uma usina alcançou o equivalente a US$ 130 por tonelada de cana-de-açúcar moída.
 
"Hoje é difícil dizer o preço justo, mas a avaliação depende de a usina ter ou não terras próprias e produção própria e de boa qualidade", diz ele. Em 2003 e 2004, quando fundos e empresas multinacionais começaram a se interessar por usinas brasileiras, o preço médio praticado nas negociações era de apenas US$ 40 por tonelada de cana moída, conforme Corrêa.
 
Apesar da crise, a trading Olam International, que tem capital aberto em Cingapura, antecipou o futuro e anunciou a aquisição da Usina Açucareira Passos, de Minas, em um negócio de US$ 240 milhões – US$ 128 milhões referentes à compra em si e o restante em futuros investimentos. Como a unidade tem capacidade para moer 1,8 milhão de toneladas por safra, é possível calcular que somente a aquisição saiu por US$ 71 por tonelada de cana, corroborando a opinião do consultor. A Olam, uma das maiores tradings de açúcar do mundo, ainda não tinha negócios diretos com cana no Brasil.
 
Em linha com o cenário de Corrêa, pesquisa da PwC e do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e de Bioeletricidade (Ceise Br) com profissionais do setor identificou o endividamento como o fator mais limitante para o desenvolvimento da indústria.

(Valor)
 

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