CRV compra Central Bela Vista e expande atividades no Brasil

O grupo belga-holandês CRV, uma das maiores empresas de genética bovina do mundo, fechou a compra da brasileira Central Bela Vista, tradicional companhia de inseminação artificial localizada em Pardinho (SP) e controlada até então pelo pecuarista Jovelino Mineiro. O valor do negócio não foi divulgado, mas a operação envolve a infraestrutura da empresa brasileira, com exceção da propriedade onde a central está instalada, que ficará arrendada para a CRV.

Com o negócio, a companhia europeia amplia sua atuação no Brasil. A empresa já possui uma central de inseminação artificial – CRV Lagoa (1998) – e também um laboratório de sexagem de sêmen – Sexing Technologies (2009) – ambos instalados em Sertãozinho (SP). As operações das empresas, no entanto, seguem independentes e a nova aquisição passa a se chamar CRV Bela Vista.

A aquisição da Bela Vista coloca a CRV no topo do mercado, com movimentação de 3,6 milhões de doses por ano e fatia de 35% do mercado. Dessa forma, o grupo assume a liderança nacional em genética bovina, na frente do grupo canadense Alta Genetics.

Em entrevista ao Valor, Roald van Noort, presidente do Grupo CRV, disse que o investimento no Brasil se deve ao potencial do país em aumentar a adoção de tecnologia em sua pecuária, tanto de corte quanto de leite. A expectativa do executivo é que a aquisição da Bela Vista complemente os trabalhos já realizados pela CRV Lagoa, uma das maiores centrais de inseminação, que no ano passado comercializou 2,4 milhões de doses.

"O Brasil já tem posição de destaque no fornecimento de alimentos para o mundo. Essa posição, que será ainda maior nos próximos anos, será um fornecedor ainda mais importante de proteínas para o mundo", disse Van Noort.

Prestes a completar 11 anos, a Bela Vista é tida no mercado como "a central das centrais", pois não comercializa aquilo que produz. A empresa atua como uma prestadora de serviços, tanto para pecuaristas interessados em produzir o sêmen quanto pelas próprias centrais de inseminação.

"A expectativa é que a CRV mantenha a política de trabalho criada pela Bela Vista. O negócio permitirá a internacionalização desse modelo de trabalho", afirma Jovelino Mineiro. Ele lembra que a Bela Vista industrializou no ano passado 1,2 milhão de doses. "Não teríamos condições de expandir a atuação da Bela Vista como a CRV terá a partir de agora".

A expansão dos negócios da CRV no Brasil acompanha o próprio crescimento do setor. Segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), foram comercializadas no ano passado 10,4 milhões de doses, um novo recorde para o país. O volume superou em 13,7% as vendas de 2009, foram comercializadas 9,1 milhões de doses de sêmen.

Apesar do aumento das vendas do setor, a taxa de inseminação artificial no Brasil ainda é considerada muito pequena. "Devido à necessidade de a pecuária se intensificar no Brasil por conta da expansão da agricultura, a tendência é que cada vez mais animais sejam inseminados. A vantagem brasileira é que existe um mercado tanto para a pecuária de corte quanto para de leite, diferente da Holanda", diz Van Noort.

(Alexandre Inacio | Valor)

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