D-Link terá fabricação no Brasil

A fabricante de equipamentos de rede D-Link planeja iniciar a produção de algumas linhas no Brasil, até o fim do ano. A fabricação, decidida em meados do ano passado, ficará a cargo de uma empresa especializada em manufatura terceirizada, como Foxconn e Digitron. O contrato, no entanto, ainda não foi assinado. "Estamos estudando os benefícios fiscais oferecidos em cada região do país para escolher nosso parceiro", diz Tony Tsao, executivo-chefe e presidente mundial da D-Link.

Os primeiros equipamentos a serem produzidos no país serão dispositivos sem fio para acesso à internet, os roteadores. Após estudos, outras linhas também poderão ser fabricadas no país. De acordo com Tsao, o Brasil é um dos cinco mercados mais importantes para a D-Link em todo o mundo, além de ter as melhores perspectivas de crescimento.

Em visita ao país esta semana, o executivo conversou com o Valor sobre a estratégia da companhia. Conhecida pela venda de equipamentos de acesso à internet, como modens e roteadores sem fio, a companhia, que em 2010 faturou US$ 1 bilhão globalmente, tem tentado se afastar da imagem de vendedora de produtos isolados para ser vista como uma fornecedora de pacotes completos.

Um exemplo disso são os sistemas de monitoramento para pequenas e médias empresas. A D-Link não quer vender só as câmeras de segurança fabricadas por ela, mas sim um conjunto de produtos que reúne câmeras e equipamentos que permitem o armazenamento das imagens captadas.

Além de requerer investimento em softwares que permitam a rápida integração e facilitem o uso de seus equipamentos, a estratégia exige que a D-Link abra novos canais para a venda de seus produtos, afirma Tsao. "Hoje, não trabalhamos só com os vendedores de computadores. Nos Estados Unidos, temos produtos em lojas de animais e de brinquedos. A tecnologia tem ganhado diferentes aplicações e é essa oportunidade que queremos aproveitar."

De acordo com Tsao, a D-Link não tem intenção de competir com empresas como Cisco, Juniper e Huawei nos equipamentos de grande porte que equipam centros de dados e a infraestrutura das operadoras de telefonia. "Cada empresa tem seu ponto forte", diz.

O Brasil, segundo Tsao, tem papel de destaque nesse cenário por conta da estabilidade econômica e realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada. O Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e o crescimento dos acessos à internet também são estímulos. Além da fabricação local, a D-Link dará outro passo para reforçar sua atividade no país. A companhia vai lançar produtos como o Boxee, uma central multimídia que permite que vídeos, filmes e músicas da internet sejam reproduzidos em TVs.

O equipamento, que estará disponível no Brasil em junho, chegou ao mercado americano em 2008, segundo Victor Proscurchin, presidente da D-Link no Brasil. O executivo, que acaba de assumir o cargo – substituindo Alexandre Wu -, afirma que a D-Link está em negociação com empresas brasileiras para a oferta de conteúdo no Boxee. Nos Estados Unidos, o aparelho tem acesso a serviços como Netflix, Pandora e a jogos das ligas de beisebol e hóquei no gelo.

Proscurchin diz também que a companhia apresentará, nos próximos dias, um novo programa de relacionamento com seus parceiros comerciais, para estimular a venda dos pacotes integrados. Os mercados em que a D-Link tem mais interesse em crescer são os de governo, educação e saúde.

De acordo com Tsao, a receita da D-Link no Brasil passa dos US$ 100 milhões. O executivo não revela qual é a meta para 2011, mas faz uma brincadeira incitando Proscurchin. "Esse ano vamos passar de R$ 200 milhões", diz, sorrindo. Os negócios no país são divididos entre três áreas: varejo, responsável por 45% da receita; operadoras, com 40%; e vendas para empresas, com os 15% restantes. De acordo com Proscurchin, uma de suas metas é fazer com que a companhia cresça como um todo, de modo a equilibrar essas participações.

Segundo os executivos, as operadoras de telefonia têm-se mostrado cada vez mais interessadas em oferecer a seus clientes equipamentos que vão além dos modens e roteadores convencionais, como forma de estimular o acesso a diferentes serviços na internet.

(Gustavo Brigatto | Valor)

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