Depois da China, melhor opção é Brasil, diz Jereissati

Comparar o tamanho do mercado brasileiro com o da China, onde as marcas mais sofisticadas de moda do mundo vêm investindo nos últimos dez anos, é covardia. Mas se a estratégia de uma grife europeia ou americana é expandir em direção aos mercados emergentes, a segunda melhor opção é o Brasil, onde as vendas de produtos de luxo devem crescer cerca de 10% neste ano, superando a marca de US$ 7,6 bilhões. A mensagem foi dada ontem, em Londres, a uma plateia de executivos e empresários que no dia anterior haviam ouvido que a única letra de fato interessante nos Bric, que reúne além do Brasil, Rússia, Índia e China, é a C.

"Em cinco anos, o mercado brasileiro de luxo vai crescer mais 35%", disse, ontem em Londres, Carlos Jereissati, presidente do Iguatemi, grupo que reúne 18 shopping centers, sendo 13 em operação e cinco em desenvolvimento. "A Chanel está abrindo uma nova loja hoje [ontem] à noite no Iguatemi, em São Paulo", informou Jereissati, que, em sua palestra na conferência sobre grifes de luxo organizada pelo jornal "International Herald Tribune", procurou rebater a avaliação feita na terça-feira pelo CEO da Salvatore Ferragamo, Michelle Norsa. Este havia dito que Brasil, Rússia e Índia são mercados pequenos comparados à China, onde a grife italiana de sapatos e bolsas tem 50 lojas em 32 cidades.

"O Brasil é um país industrializado por isso as tarifas de importação são altas", explicou Jereissati, voltando a um dos pontos da fala de Norsa, que havia reclamado da carga fiscal pesada sobre os produtos de luxo no Brasil. "Não concordo com Michelle. Não é verdade que o brasileiro que compra produtos de luxo só faz isso quando viaja", disse Jereissati, ao Valor. Para ele, existe no país uma nova classe média, jovem, ávida por consumir luxo.

Esse potencial, acredita o empresário brasileiro, poderá elevar a fatia de grifes estrangeiras presentes nas 330 lojas do Iguatemi em São Paulo, que hoje é de 5%, para cerca de 20% nos próximos cinco anos. Além da francesa Chanel, que inauguraria sua loja própria ontem à noite, o Iguatemi de São Paulo deverá receber uma loja da Burberry nas próximas semanas. A marca inglesa já tem uma unidade em Brasília.

O investimento de marcas estrangeiras em São Paulo deve crescer em 2011, quando mais um shopping do grupo, o JK, abrir as portas, em setembro. O JK, que vai "abraçar" a butique Daslu, localizada às margens do rio Pinheiros, na zona sul da capital paulista, tem espaço para 230 lojas. Jereissati pretende levar entre 30 e 40 grifes estrangeiras ao JK, sendo 20 de luxo e, desse total, 10 estreantes no país. "Estamos em negociações avançadas."

Uma grife, que não é de luxo, mas de fast-fashion, é a inglesa Top Shop. Vai estrear no Brasil, e na América Latina, com uma loja de 1.500 metros quadrados no JK, com moda para homens, mulheres e crianças. Nas palavras de Jereissaiti, trata-se de uma grife similar à espanhola Zara, considerada sinônimo de fast-fashion bem-sucedida. "Mas a Top Shop tem design próprio", diz ele. Enquanto falava ao Valor, Jereissati foi procurado por alguns empresários, como o joalheiro inglês Stephen Webster, interessados no Brasil. A decisão do jornal "Herald Tribune" de realizar a sua décima-primeira conferência de grifes de luxo de 2011 em São Paulo, provavelmente em novembro, animou parte da audiência.

A jornalista viajou a convite do grupo Iguatemi.

(Cynthia Malta | Valor)

 

 

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