Depois de se fixar nos EUA, Renesas volta-se ao Brasil

A fabricante de semicondutores japonesa Renesas pode não ser tão conhecida quanto companhias como Intel e AMD, que fazem chips para computadores, celulares e tablets – aparelhos desejados por consumidores de todo o mundo. Mas a falta de notoriedade não significa que a companhia desempenha um papel secundário no setor. Pelo contrário.

Com faturamento anual superior a US$ 10 bilhões e 46 mil funcionários, a companhia é a quinta maior do mundo em sua área de atuação e fabrica componentes que auxiliam no funcionamento de sistemas de direção de veículos, equipamentos de ar-condicionado, brinquedos, refrigeradores e outros dispositivos.

Na lista de mais de sete mil produtos estão componentes com nomes misteriosos como diodos, transistores e microcontroladores que são fundamentais para a fabricação de circuitos eletrônicos.
 
Com dez anos de atuação no mercado internacional, a Renesas planeja ampliar sua presença no Brasil. "Estávamos focados em nos estabelecer nos Estados Unidos. Mas, agora, é a hora de crescer no Brasil", diz ao Valor Ali Sebt, presidente e executivo-chefe da companhia para as Américas.
 
O primeiro passo para ampliar a presença no país está previsto para ocorrer hoje, com a inauguração de um escritório próprio na cidade de São Paulo. Até agora a Renesas operava no Brasil por meio de distribuidores. Segundo Sebt, a companhia reúne 100 clientes e tem um faturamento de US$ 25 milhões por ano no país. "Pode parecer pouco, mas em termos de volume é um número significativo, já que cada componente custa entre US$ 1 e US$ 3", diz.
 
A princípio, o escritório em São Paulo estará voltado à prestarão serviços de assistência técnica e a serviços destinados a ajudar os clientes locais a desenvolver projetos de circuitos eletrônicos. "O mercado brasileiro tem muita demanda por projetos que precisam ser feitos sob medida por conta da legislação, ou para atender a características do país", diz Sebt.
 
A estimativa é de que o mercado brasileiro de semicondutores movimenta cerca de US$ 800 milhões em vendas por ano, de acordo com empresa de pesquisa iSuppli. Em termos globais, o mercado é estimado em US$ 312 bilhões. A Intel é a líder mundial, com receita de US$ 49,6 bilhões. Em segundo lugar está a Samsung, com US$ 29,2 bilhões. Na sequência estão Texas Instruments (US$ 14 bilhões) e Toshiba (US$ 13,3 bilhões).

No Brasil, segundo Sebt, excluindo os chips de computador, a liderança no mercado de semicondutores é da Freescale, companhia resultante de uma divisão da Motorola em 2004. "Queremos estar entre os três primeiros, ou mesmo na liderança em um período de três a cinco anos", diz. O executivo afirma que o Brasil também será usado como base para a expansão dos negócios na América Latina.

Criada em 2002, por meio de uma joint venture entre as japonesas Hitachi e Mitsubishi, a Renesas ganhou os contornos atuais em 2009, quando se uniu à divisão de semicondutores da também japonesa NEC. A fabricação de seus produtos é feita no Japão e outros países da Ásia.
 
Segundo Sebt, não há planos da Renesas para produzir semicondutores no Brasil por enquanto. O executivo reconhece, no entanto, que ter alguma etapa do processo de fabricação de componentes eletrônicos no país não é uma ideia descartada. A Ásia é imbatível em relação ao custo de produção de semicondutores, afirma o executivo, mas o Brasil poderia tornar-se um centro para a produção de componentes com finalidades específicas, cujo preço é atraente e não exige uma escala de produção maciça.
 

(Gustavo Brigatto | Valor)

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