Elanco, dos EUA, perto de adquirir a brasileira Biovet

Uma das principais empresas brasileiras no segmento veterinário, a Biovet está na mira de algumas gigantes multinacionais. Bayer e Novartis se mostraram interessadas, mas a que está mais próxima de fechar negócio é a americana Elanco, divisão de saúde animal da Eli Lilly and Company, um dos maiores grupos farmacêuticos do mundo. Oficialmente, a Biovet não confirma nem nega a informação. Os principais executivos da empresa estão impedidos de comentar o assunto – atualmente a empresa está sob auditoria, processo próximo de ser concluído.

Em 2008, a Elanco encerrou o ano com um faturamento superior a US$ 1 bilhão em todo o mundo. No Brasil, a receita foi de US$ 90 milhões. A empresa está presente em 30 países e comercializa seus produtos em mais de 100. Em nota, a companhia informa que "com quase 50 anos de presença no Brasil, a Elanco sempre avaliou e continuará avaliando as oportunidades de investimento no país, mas, nesse momento, não temos informações sobre a aquisição de nenhuma empresa do mercado e não podemos prestar declarações sobre esta ou qualquer empresa".

O interesse no grupo brasileiro não é por acaso. Nos últimos anos, a Biovet apresentou um crescimento anual a taxas elevadas, superiores a 30%. Os últimos dados disponíveis indicam para uma expectativa de faturamento próxima de R$ 80 milhões em 2007, resultado que representa um aumento de 40% sobre o ano anterior.

Mas além da questão financeira, fontes do mercado apontam para outros aspectos que também colocam a empresa brasileira no alvo das multinacionais. O primeiro é a diversificada linha de produtos para pecuária, avicultura e animais de companhia (pets). O segundo, e talvez o principal, são os produtos enquadrados na categoria "biológicos", segmento em que a Elanco não tem muita expressão no Brasil. Seu principal foco de atuação é na categoria "terapêuticos", como antibacterianos, parasiticidas, anticoccidianos e melhoradores de produtividade.

Nas próximas semanas, o Ministério da Agricultura vai auditar a fábrica de vacinas contra febre aftosa que a Biovet construiu em Vargem Grande. A expectativa é que a unidade, com capacidade de produção para 60 milhões de doses, entre em operação até o final do primeiro semestre deste ano.

De acordo com fontes do mercado, a Biovet, apesar do crescimento nos últimos anos, ficou pequena diante das mudanças que ocorreram no setor, por isso a decisão dos controladores de vendê-la. O mercado brasileiro é dominado por multinacionais, que têm se mostrado mais competitivas e com maior poder de investimento. Entre as empresas nacionais, a paulista Ouro Fino e a mineira Valleé têm mostrado maior força para crescer e tentar competir com as gigantes estrangeiras.

"Os demais laboratórios de médio e pequeno porte provavelmente serão comprados por fundos de investimento ou então incorporados por empresas estrangeiras", disse uma fonte do setor. Segundo essa fonte, alguns grupos estrangeiros ainda precisam melhorar sua posição no mercado para ganhar competitividade.

A operação com a Biovet é a primeira envolvendo uma empresa brasileira dentro do processo de consolidação que deve se acentuar este ano na indústria veterinária. O negócio reforçará ainda mais a presença de empresas estrangeiras na liderança desse segmento no país, que já conta com Merial, Pfizer, Bayer, Novartis, Fort Dodge, Intervet e Virbac, que também estão se consolidando globalmente.

No ano passado, a Merck, dona de 50% da Merial, já havia comprado a operação mundial da Schering-Plough, que assumiu em 2009 o controle da Intervet. Por conta desse negócio, a Merck foi obrigada a colocar sua parte na Merial à disposição de sua sócia, a francesa Sanofi-Aventis, que tem uma opção de compra pela Merial. A conclusão do negócio, que gira ao redor de US$ 600 milhões, está prevista para fevereiro.

Também no ano passado, a Pfizer comprou a rival Wyeth. Além de reforçar sua atuação na indústria farmacêutica, a empresa assumiu uma posição de destaque no segmento veterinário ao incorporar Fort Dodge, divisão de saúde animal da Wyeth.

(Alexandre Inacio – Valor Econômico)

 

 

 

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