Em Minas, prédio vai passar do lixo ao luxo

Na região central de Belo Horizonte, um prédio se destaca pela sua feiura. É um espigão inacabado, com uma fachada caindo aos pedaços e recoberta de cima a baixo com nomes e siglas de grafiteiros. Lá dentro, um caos. Paredes sem revestimento e chão de cimento grosso. Montes de entulho, ripas de madeira, engrenagens enferrujadas e vasos sanitários jogados pelos cantos. Tudo sob camadas de poeira e sujeira.

Um grupo de investidores quer transformar essa barafunda no hotel mais luxuoso da cidade. As suítes terão em média 40 metros quadrados (a mais luxuosa, 230 metros quadrados). Haverá spa de uma grife estrangeira, restaurante de padrão internacional, piscina, heliponto e outros adereços que a hotelaria chique gosta de oferecer. O hotel terá a bandeira holandesa Golden Tulip e o investimento previsto é de R$ 200 milhões.

Quem está por trás dessa promessa de transformação é a BHG, empresa com ações na Bovespa, que se incumbirá da administração do hotel. Eles já compraram 25% das futuras suítes – serão 405 apartamentos. Junto à BHG, estão as paulistas RFM e a Pacific Realty na incorporação. A construção ficará a cargo da M. Roscoe e a idealização do projeto foi do grupo Multipar – ambos mineiros. O projeto de arquitetura e a decoração são dos escritórios FarKasVölgyi, com sede em Belo Horizonte, e João Armentano, de São Paulo.
 
A cara mais conhecida do empreendimento talvez seja a do publicitário e apresentador de TV Roberto Justus. Garoto-propaganda do projeto, diz ter comprado sete suítes das dez que considera arrematar.
 
Segundo os empreendedores, o edifício tem vantagens em relação a dezenas de hotéis que estão sendo planejados na cidade.

A primeira vantagem, dizem os empreendedores, é que não será preciso começar a obra do zero e, por isso, preveem abrir as portas no início de 2013. Se der certo, a cidade terá um megahotel funcionando antes da Copa da Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, de 2014. A capital sediará jogos dos dois campeonatos.
 
Outra vantagem são as dimensões. Erguido há duas décadas para ser um hotel, o edifício tem salões e quartos enormes. São mil metros quadrados de área para eventos e um futuro centro de convenções de 4 mil metros quadrados. "Isso será um diferencial e uma fonte de atração de hóspedes. Metade da ocupação dos hotéis em geral é gerada por eventos", diz Márcio Botana Moraes, da RFM.
 
Veterano na construção e incorporação, ele vê semelhança entre esse e o primeiro edifício que construiu, em 1984, na Vila Olímpia, bairro badalado de São Paulo com restaurantes, hotéis e casas de shows, mas que nos anos 80 era uma área feia e empobrecida. "A diferença é que a Vila Olímpia levou 20 anos para se valorizar, mas em Belo Horizonte, com a economia crescendo, talvez leve cinco anos", diz Moraes.
 
O prédio do futuro Golden Tulip fica num trecho decadente e próximo ao centro da Avenida do Contorno. A prefeitura, no entanto, tem investido para melhorar a região. "Será o primeiro grande investimento privado nessa área e estamos pensando em projetos no entorno que poderão receber mais R$ 100 milhões de investimentos", diz Antonio Augusto Contem, da Pacific Realty.
 
As vendas para investidores começam na quarta-feira. O preço médio da suíte será de R$ 460 mil.

(Marcos de Moura e Souza | Valor)

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