Em nova fase, Giroflex fecha acordo com Dupont

Osvaldo Ribeiro, presidente do grupo Giroflex, a maior fabricante de cadeiras corporativas do país, resume de forma precisa o seu trabalho nos últimos tempos. "Quando a crise chega, somos os primeiros a sentir a puxada no freio de mão das empresas. Investimentos em novos escritórios desaparecem", afirma. "E quando tudo melhora, os investimentos em mobiliários levam tempo. Somos os últimos a saber", diz Ribeiro, há seis anos no grupo e o executivo que acompanhou a reestruturação de empresas como Cica e Bombril.

Nesse difícil cenário, e com a expectativa de chegada de novas marcas estrangeiras ao segmento no Brasil, a Giroflex tomou um decisão que pode ser crucial para o grupo. Ela planeja investir no desenvolvimento de produtos que ninguém tem por aqui, poucos podem copiar imediatamente e em faixas de preço intermediária.

Dentro dessa estratégia, a companhia e a americana Dupont fecharam uma parceria no desenvolvimento de uma linha de cadeiras sustentáveis. As duas companhias criaram juntas a primeira linha de "cadeiras verdes" fabricada no Brasil. O produto chega em 50 pontos de venda dentro de até 30 dias.

A Giroflex deverá enfrentar períodos de rivalidade maior logo à frente. A americana Haworth, uma das maiores fabricantes de cadeiras sustentáveis do mundo, pode abrir uma fábrica no Brasil. Frank Rexach, vice-presidente da Haworth, informou em março que a companhia de US$ 1,6 bilhão em vendas anuais planeja inaugurar uma linha de montagem de cadeiras e móveis corporativos no país.

"Temos companhias globais enormes e fortes nesse setor. Precisamos ter claro o que queremos fazer e o que queremos ser nos próximos anos", diz Ribeiro. "Estamos dando um passo nesse sentido com a parceria com a Dupont", afirma ele. O acordo acontece com a finalização do período de reestruturação do grupo em 2009. A Giroflex mudou processos de produção, adotou normas de governança corporativa e não descarta até abertura de capital no futuro (leia abaixo).

Em relação à nova linha de cadeiras, cerca de 94% dos componentes são recicláveis e o produto pesa 40% menos que os modelos tradicionais. Em sua constituição, a quantidade de aço reciclável chega a 49%. Na face inferior do assento, sinais em braile foram impressos como forma de orientar os cegos no uso dos ajustes de posição.

"O projeto de criação da cadeira começou a ser definido há um ano e nos últimos sete meses o trabalho se intensificou", diz John Julio Jansen, vice- presidente de pesquisa e desenvolvimento da DuPont na América Latina. O investimento no projeto foi de R$ 5 milhões.

Foram desenvolvidos três modelos com preços que variam de R$ 717,30 a R$ 892,80. A variação é pequena por razões estratégicas. Numa análise inicial, os modelos parecem variar pouco em termos estéticos e isso é proposital. "Cada vez mais as empresas querem ter móveis iguais nos escritórios. Não se vê mais o presidente da empresa com aquela cadeira gigantesca e imponente", afirma o executivo.

Dupont e Giroflex planejam estender a parceria para a confecção de outros móveis. Nas redes de hipermercado, atualmente, há desde cadeiras de plásticos produzidas na China por R$ 119 até modelos de R$ 1,1 mil em couro e alumínio.

(Adriana Mattos | Valor)

 

 

 

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